Por trás de todo parto existe uma mulher, um casal, uma história de vida. A nossa história começou em 2013 quando sentimos que a família deveria aumentar, e começamos a tentar engravidar, foram 5 anos de tentativas e infertilidade, até que depois de muito aprofundamento, estudos, parceria, orações, despertar de consciência e principalmente, de muito amor, através da reprodução assistida tivemos o nosso positivo! Quanta benção, grávida na primeira tentativa de FIV e de gêmeos! Era felicidade que não cabia dentro do peito!

Durante a gestação, toda vez que alguém me perguntava como seria o meu parto eu respondia que gostaria de entrar em trabalho de parto e que fosse o mais natural possível, mas que quem decidiria isso seriam os bebês, que eu aceitaria o que fosse melhor para nós, e tentei não criar expectativas com a forma que viriam ao mundo, o importante é que viessem saudáveis. Mas me informei o máximo que pude, conversei com outras mulheres que também tiveram gestação gemelar e com profissionais experientes. E escolhi para me acompanhar e cuidar de mim nesse momento tão importante o Dr. Fernando Pupin como obstetra, a Cris como doula, a fisio pélvica Joana, a nutri Alessandra Hellbrugge, as fisios Keiti e Renata no pilates, e a Adriana (Clínica Relluz) na terapia. Estava super bem assessorada!

Minha gestação foi muito tranquila, tudo transcorreu perfeitamente bem, graças a Deus. Nossa esperança era de que os bebês completassem 37 semanas no ventre, eles quase aceitaram…

No dia 20 de junho de 2019, feriado de Corpus Christi, dia lindo, ensolarado e quente, estávamos com 36 semanas e 6 dias, e até o dia anterior tinha feito exercícios, caminhado e não havia nem sinal de que estavam querendo nascer. Às 4:30h da manhã me levantei para ir ao banheiro e beber água, foi quando a bolsa do G1 rompeu, chamei meu marido, fui para o chuveiro e liguei para a Cris e para o Dr Fernando. Como estava sem contrações a recomendação do médico era a de que eu tentasse descansar, comesse algo e aguardasse a ligação dele informando para qual maternidade iríamos.

Consegui ficar deitada por 1 hora, mas a ansiedade não me deixava dormir, fui comer, tomar banho e às 6h começaram as contrações, senti como se fossem cólicas fortes que iam e voltavam. Às 8h falamos com o médico que pediu para irmos para a Ilha Maternidade.

Por volta de 9h fui examinada e estava com 4cm de dilatação, fui internada, e a partir do meio dia começou o trabalho de parto ativo, fui muito bem assistida, comigo estavam meu marido, a Cris, a nossa a fotógrafa Priscila e o Dr Fernando, não contamos para nossas famílias e amigos que estávamos na maternidade para não preocupar ninguém, e mesmo sem saber nossas mães sentiram e ficaram em oração todo o dia por nós, tenho certeza que fez toda diferença nesse dia!

Durante todo o dia fiquei fazendo exercícios incentivados pela Cris, conversamos, cantamos, rimos, fui para o chuveiro, chão, sofá, as posições que me aliviavam mais, quando as contrações vinham tentava me concentrar e deixar acontecer, sem resistir, pois, sabia que a cada contração estava mais perto de conhecer meus amores. Senti que estava sendo muito bem assistida fisicamente, pelo meu marido e pelos profissionais que me acompanhavam, mas principalmente assistida espiritualmente por Deus e pela Mãe Santíssima, o tempo todo me senti segura.

Teve alguns momentos mais doloridos, mas a fase de trabalho de parto para mim foi suportável, não pedi por analgesia, nem por cesárea. Não sei exatamente os horários, mas a dilatação continuou evoluindo, 6cm, 8cm, e no final da tarde cheguei à 10cm.

Por volta das 19h fomos levados para o centro cirúrgico, porque a sala de parto estava ocupada, lá fomos nós, e para mim foi onde o medo começou a pegar, a mudança de ambiente me bloqueou, minhas contrações começaram a espaçar e ficar mais difícil, senti medo da fase expulsiva.

Depois de um tempo com contrações irregulares o Dr. Fernando teve uma conversa muito necessária comigo, mesmo me esquecendo de algumas partes do dia essa conversa ficou gravada, me disse o que a demora pro expulsivo poderia acarretar, que meu útero poderia ficar cansado, o Davi também, que era o que estava com a bolsa rompida e seria o primeiro a nascer, que eu precisava sentir meu corpo, me permitir fazer força quando necessário, porque se eu prolongasse mais teríamos que introduzir ocitocina para continuar com o parto. Aquela conversa virou uma chave em mim, vi que precisava passar por aquilo e não poderia adiar mais, que tinha chegado o momento, e foi instantâneo. O Dr. Fernando saiu da sala e no minuto seguinte apoiei minhas costas no Eduardo e fui para o chão de cócoras, comecei a fazer força, não sei de onde veio a energia só sei que aconteceu. O Eduardo estava sentado em uma poltrona, eu na banqueta de parto (que demorou para chegar e eu forcei muito minhas pernas antes disso), e no chão comigo estavam a Cris e o Dr Fernando, e atrás a Pri fotografando.

(uma pausa, não me lembro muito bem porque estava na partolândia, mas acredito que como o parto foi no centro cirúrgico tinham mais pessoas assistindo do que eu gostaria, lembro de algumas encostadas na parede e outras circulando, acho que isso foi uma das coisas que me atrapalhou um pouco para chegar no expulsivo). Voltando…

Senti que a cada força a cabeça do Davi descia mais, só que doía muuuuito, soltei uns berros e senti medo, de não conseguir, de querer parar, medo de não dar conta. E ao mesmo tempo só queria que passasse e eu tivesse meus pequenos em meus braços. Após várias forças e alguns gritos, às 19:28h o nosso Davi nasceu e veio direto para o meu colo, não sei descrever o que senti, misto de orgulho, gratidão, amor, força e muito mais, ver o meu pequeno guerreiro ao vivo foi incrível e emocionante. Ele nasceu com desconforto respiratório, meu marido cortou o cordão umbilical para que nosso bebê recebesse os primeiros atendimentos, e então ele foi levado pelo pediatra para o berço aquecido. Foi tudo muito rápido, após o nascimento do Davi precisava recobrar as forças para o nascimento da nossa princesa.

Enquanto o Eduardo acompanhava o atendimento ao Davi, eu deitei na maca para que o Dr, Fernando me examinasse e escutasse os batimentos da pequena, a Cris ficou do meu lado o tempo todo, a bolsa dela foi rompida, e logo as contrações voltaram, fui para a banqueta de cócoras e muito rápido senti a cabeça dela ‘despencar’ sobre o meu períneo, o Dr Fernando ficou amparando a Cecília para que não me lacerasse muito, porque ela desceu muito rápido, e com duas ou três forças, às 19:51h ela nasceu e veio direto para o meu colo, ainda sem acreditar em tudo que tinha acontecido só pensava “Conseguimos, consegui, deu certo, aconteceu…” olhava para aquela bebê tão pequena e tão importante e sentia muita gratidão.

Enquanto Cecília estava no meu colo o Eduardo cortou seu cordão umbilical depois de parar de pulsar, e em seguida as duas placentas saíram, foi muito rápido e sem força, simplesmente saíram, nem consegui entender direito. A nossa pequena também foi receber os primeiros atendimentos, enquanto isso eu fiquei deitada na maca para o Dr. Fernando dar os três pontos na laceração que tive. Lembro do pediatra vir conversar comigo, e que não senti confiança nas palavras dele, comentei com a Cris que estava segurando a minha mão, e ela externou minha preocupação, foi minha voz, e o Dr Fernando logo me tranquilizou que os bebês estavam bem e que o pediatra estava seguindo o protocolo, e por serem considerados prematuros, mesmo que por 1 dia, foram encaminhados para a UTI neonatal para observação, a Cecília ficou lá uma noite lá e o Davi duas.

Fico relembrando do dia do nascimento deles e só sei me emocionar e sentir muita gratidão, gratidão de toda nossa jornada para chegar até ali, por termos vencido a infertilidade, por ter aprendido que cada um é responsável pela sua jornada, gratidão por ter vivenciado tão intensamente os últimos 5 anos que culminaram naquele 20 de junho de 2019 tão especial e emocionante!

Ressalto ainda a minha alegria em ter pessoas e profissionais tão especiais ao meu lado nesse dia, fui guiada para encontrá-los e para que me apoiassem no dia mais importante da minha vida, e que ficou lindamente registrado pelas lentes da Pri. Gratidão!

Fotos: Priscila Rezende Fotografia