Eu e Minha Gestação
Falar de parto para mim é uma coisa muito nova, pois não vivi uma gravidez romântica e nem vivi os últimos nove meses em função dela. Sou prática demais, e tinha algumas metas pessoais e profissionais para realizar antes de que meu “Little Noah” chegasse… então corri muito a gravidez inteira e para falar a verdade, não curtia muito os papo corriqueiros da gravidez: enxoval, doula, remédios, blogs, carrinhos….
– Meu GO –
Por indicação, comecei meu pré-natal com uma médica com quem eu não simpatizava muito. Eu me sentia apenas mais uma na agenda dela, e sabia que com ela o PN seria muuito difícil. Tudo bem que eu não sonhava muito com PN, mas uma vez vi um video no youtube e aquelas cenas ficaram marcadas no cantinho da memoria, um bebe nascer assim: nós tres juntos!!! O fato foi que um dia eu me estressei com esta médica, e resolvi procurar outro GO… liguei pra todas as indicações de médicA que eu tinha, e nada de horários para consulta (pelo convênio). Por último, já quase sem esperanças de conseguir um GO que me atendesse antes que meu filho nascesse, liguei para um médicO indicado por algumas amigas minhas, e qual foi a minha surpresa: em uma gentileza enorme, consegui marcar consulta para a semana seguinte!! E foi assim que meus GO entraram na minha vidinha: Dr. Marcos e Dr. Pablo… na primeira consulta fiquei encantada com o profissionalismo e a forma clara e prática com que ele me tratava, eu adorei… e entendi então os benefícios do PN, que passou a ser a primeira opção a partir daquele instante. E assim passaram-se os meses. Mas eu ainda não compreendia tudo o que representava o PN. Junto com meus GO entrou também na minha vida a Ju, a nutricionista, que além de nutri me explicou que eu deveria me entregar aos meus instintos e ir para a “partolândia” no momento de dar à luz. Ela também me explicou sobre o hormônio do amor (a ocitocina), o que foi cada vez mais firmando a minha idéia do PN.
– o Medo –
Porém, por mais que eu concordasse que o PN seria o melhor para mim e para o bebê, eu confesso que senti muito medo do PN durante quase toda a gravidez, e esse medo me fez muitas vezes torcer para que precisasse de uma cesárea, mas o meu Chris (marido) sempre me encorajou muuito e não deixou que meu medo fosse maior que a minha determinação de dar o melhor para o meu filho. E mais segura, conseguia falar sempre que ninguém iria arrancar ele de mim com data marcada. Estar cercado de profissionais que acreditam e sabem provar cientificamente qual o melhor caminho a seguir também foi fundamental para estabelecer o fundamento para aquilo que eu queria.
– A pressão do último mês –
Como eu tinha férias vencidas em meu emprego, consegui sair 20 dias antes da data prevista para o parto (27/06), e foi ali que entre fechar as metas da minha outra carreira eu gastei um tempinho estudando e lendo sobre vida de mãe. Neste momento, a pressão estava grande, chegamos às 38 semanas e nada, nem um sinal de que o Noah gostaria de sair… e junto com isso, veio também uma pressão por diversos lados, desde familiares até amigos: Não é melhor marcar cesárea? Você ta fazendo ultrasom semanal? Você ja tem alguma dilatação? Conheço um obstetra que me falou que quanto mais perto de 40 semanas, mais sofrido fica para o bebê. Qualquer ligação que eu fazia, atendiam dizendo: ”nasceu?”.
– Minha Doula –
E foi em um dia desses despretensiosos que li um artigo sobre violencia obstetrica e compartilhei no facebook. Nos comentários, uma amiga minha marcou a Cris e poucos minutos depois ela me adicionou e veio falar comigo. Eu não tinha ideia do papel de uma doula durante o trabalho de parto, e ela de forma clara e prática me explicou tudo e me passou o seu site, que é um tesouro. Eu gostei da idéia de contar com o apoio da Cris, e meu marido tb!
Mas já havíamos completado 40 semanas, será que ainda valeria a pena ter uma doula ao nosso lado? Será que daria tempo? Então, uma outra conhecida minha me chamou do nada e me disse que se pudesse me dar um conselho era para eu ter uma doula, que foi o que ela mais se arrependeu de não ter feito no parto dela, e que se pudesse voltar atrás, mudaria isso… Conversei com o Chris (meu marido) e marcamos de conhecer a Cris. Combinamos de nos conhecer na sexta feira dia 28/06, as 14hs. Quando chegamos na casa dela a simpatia foi imediata, ela muuito fofa, prestativa com um sorriso que exala tranquilidade. Lá mesmo decidimos contratá-la: eram 40 semanas e 1 dia de gestação. Ela me passou um material para eu ler no final de semana, e nos deu um conselho: “aproveitem o final de semana juntos, façam coisas que vocês gostam, namorem… provavelmente é o último final de semana antes da chegada do Noah!”. Saímos de lá com a consulta pré-parto agendada para segunda-feira seguinte, a tarde. Mal sabíamos que não daria tempo…
– O parto –
No sábado a noite, voltei de um aniversario me sentindo meio desconfortável, não encontrava posição que aliviasse o incômodo. Achei que fosse o meu peso, e porque o dia tinha sido puxado. Decidimos ir dormir, mas não passou muito tempo depois que me deitei, repetidas vezes dormia e acordava como se fosse com uma dor no quadril. Até que depois de algum tempo eu fui ao banheiro e percebi um pequeno sangramento, isso deveria ser quase 2h da manha, e falei pro meu marido: “Teu filho vai nascer.”
E ele me respondeu: “mas ainda nem lemos o material da Cris!!”. Nesta hora ele trouxe o computador pro quarto e entre uma contração e outra liamos o material, tentando identificar em que fase do TP estávamos. O tempo foi passando, a frequência e intensidade das contrações aumentou, e eu sempre com um pequeno sangramento. Por esse motivo, decidimos ligar a primeira vez pra a Cris, e depois pro Dr. Marcos. Fui tomar um banho morno, e senti a contração aumentar (já estava a mais de 30min com contrações a cada 3min), quando senti que era hora de chamar a Cris. Continuamos a monitorar o intervalo das contrações, que se manteve, já eram 3 a cada 10 min. Rapidamente a Cris chegou em nossa casa, acredito que por volta das 3h da manha, mas na verdade eu perdi a ideia de tempo, já estava imersa na partolândia.
Depois de algum tempo a Cris notou que minhas contrações estavam muito próximas, que eu sangrava um pouco além do ”normal”, e que eu não conseguia ficar em outra posição a não ser agachada e recomendou que fôssemos para a maternidade. Nos arrumamos e saímos em direção a maternidade Ilha.
Ela mesmo ligou pro Dr. Marcos e nos encontramos no Hospital por volta das 5h40 da manhã. Chegando lá subi direto com Dr. Marcos enquanto a Cris prontamente trazia minhas coisas e o meu Chris dava entrada no hospital. Quando entrei e vi que estava na sala de parto, com a banheira, nem acreditei, era perfeito demais! O Dr. Marcos ainda brincou: “será que vai dar tempo de esquentar a banheira?”… rsrsr…
A Cris logo apareceu e era uma contração após a outra, e ela ali, junto, grudada… deixou o ambiente com luz de velinhas lindas para eu parir… meu marido abriu a cortina para vermos as luzes da cidade… A bolsa estourou enquanto ainda estávamos em pé. Entrei na banheira e entre contrações e massagens perfeitas da Cris e as palavras de incentivo do meu Chris, do meu médico e da minha doula eu pari, sem analgesia, sem nenhum tipo de medicamentos, na banheira, de cócoras um bebê que eu achei que fosse grandinho… e que logo estava ali juntinho de mim, deitado no meu colo, ainda na banheira! Nem no mais perfeito dos meus sonhos achei que seria assim!
E essa é a historia de um parto cheio de orgulho, força, coragem, amor e um bebê lindo que já mudou a nossa história pra sempre.
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