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Dia 12/07/13 – meu aniversário (trintão) e 41 semanas de gestação. Acordei às 05:00 para ir ao banheiro e perdi o sono. Ansiosa pela chegada da Valentina e sentindo a proximidade, resolvi assistir ao amanhecer com a pequena ainda no ventre. O dia clareou e tive a sensação de que em breve estaria com meu bebe nos braços.

Voltei para cama e dormi mais um pouco até Humberto (o maridão) acordar e começarmos a planejar o dia do meu aniversário. Era dia de consulta médica e eu sabia que desta vez seria feito o exame de toque para saber como estava o útero, afinal, 41 semanas o monitoramento é mais freqüente. Meu obstetra Fernando Pupin orientou que eu fosse à maternidade e procurasse pela obstetra Halana (pois aquele nao era dia de plantão dele).

Eu estava ansiosa por que não tinha sentido NADA, nenhuma contração, nadinha mesmo, não tinha visto o tal do tampão mucoso…enfim, temia por que gostaria de fazer o parto natural e quanto mais o tempo passava me assombrava a possibilidade de ter que fazer indução ou qualquer outra intervenção, mas de qualquer forma pensava: meu parto será vaginal, a indução é o plano B. Ok, era meu aniversário, vamos distrair um pouco.

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Almoçamos no Cirrus ali na Barra da Lagoa, o dia estava liiindo e em seguida fomos ao encontro de Halana. Estava feliz em saber que a consulta seria com ela por que me inspirou confiança desde o primeiro contato lá no grupo mama flora, confiava nela tanto quanto em “meu” obstetra Fernando Pupin. Iniciamos a consulta e Halana verificou a freqüência cardíaca da Valentina. Viu que estava ótima. Então fizemos o exame de toque e ela disse: Opa! Tem uma dilataçãozinha, uns 2cm, isso é bom. Entao, propôs que tentássemos aquele “descolamento” de membrana, somente passou o dedo ao redor da dilatação por que em alguns casos (poucos) isso pode estimular o trabalho de parto (antes que ela o fizesse, liguei rapidamente p o Fernando o saber a opinião dele, que me apoiou).

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Não falei muito sobre o que sentia, mas desde o momento que saí de casa senti como se tivesse dado o “start”, tudo que Halana me dizia era como o passo a passo para chegar lá, sentia que era como a receita, eu o faria e no fim de semana entraria em trabalho de parto, uma coisa tipo conselho do Mestre dos Magos (só que bem menos subjetivo kkkkkkkk…) sabe?! Então, ao final da consulta Halana me prescreveu homeopatia e incentivou caprichar no chá de canela, caminhadas e tudo mais que ajudasse a desencadear o trabalho de parto. Saí de lá animada e disse ao maridão: vamos parir nesse fim de semana! Fomos diretamente à farmácia de manipulação, ali no córrego mesmo! Enquanto eles preparavam a “poção gummy” pensei: vamos ao parque do córrego, por que lá podemos caminhar e recarregar as energias. Caminhamos pela trilha e eu procurava uma àrvore antiga para tocar. Achei! Toquei a àrvore e reverenciei a força da natureza. Contemplei a perfeição e entreguei meu sentimento para a grande mãe. Senti que logo faria meu parto e seria sim NATURAL.

Após a caminhada pegamos o remedinho e no carro mesmo comecei a tomar. Antes de ir à casa, uma passada em Sambaqui para ver o primeiro pôr do sol com trintão 🙂 Agora o sol se pôs, vamos comprar canela por quero tomar um baita chá! Em casa, tomei 3 canecas de chá de canela e uma taça de vinho para relaxar antes de dormir.

Dia 13/07/2013 – Feliz Dia Mundial do Rock! Vou ao banheiro e senti uma dorzinha que não era comum (9:00) Fiquei muito animada mas ainda em silencio. Em alguns minutos mais uma dorzinha e entao disse ao Humberto: tô sentido dores o/ ele me sorriu com os olhos ansiosos e animados, de quem está proximo de algo muito esperado, e disse: vamos avaliar a freqüência e a intensidade, conforme fomos orientados. Fui para o banho e de repente um pouquinho do tal tampão mucoso!! Gritei: Miiiiiiiiico!!! (esse é o apelido dado por mim ao marido) ele subiu correndo e disse: o que foi?! Eu mostrei o resquício de tampão mucoso.

Ele mais uma vez me sorriu e começou a agilizar as atividades de casa, arrumou as cachorrinhas, organizou o que tinha que ser feito. Desci e fui ajudá-lo, coloquei a Janis Joplin para tocar (uma ótima adjuvante na liberação de ocitocina :p) e as dores começaram a aumentar rápido. Disse a ele para nos apressarmos por que pretendíamos ficar na casa da dinda durante o TP devido a proximidade da maternidade e tranqüilidade. Terminei de lavar a louça, sentei no sofá e disse a dor tá ficando forte!

Vou ligar p Cris. Rapidamente as contrações ficaram espaçadas entre 5 minutos. Fomos à casa da dinda, no caminho monitorávamos a freqüência das contracoes que eram bem regulares. Chegamos. Fui para o quarto, cobri-me e fiquei no escurinho, deitada de lado. Ali relaxada as contracoes evoluíram para 3 minutos muito rapidamente (12:00). Humberto ligou p Cris e pediu que viesse. Ao chegar ela me encontrou já imersa na partolândia: Pri, vamos à maternidade senão vais ganhar a Valentina aqui. Esperei o espaço entre as contrações, levantei e fomos à maternidade. No caminho Cris com os olhos bem abertos, Humberto concentradíssimo e eu na Partolândia respiraaava.

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  (15:30) Chegamos com 9cm, Valentina baixinha, fui arrancando a roupa meio pelo caminho e entrei na banheira. Todos pensavam que iria ganhar ali. Mas, não foi bem assim, entrei na banheira e relaxei um pouco. Senti que não ganharia ali, não me senti tão confortável. As contrações ficaram espaçadas demais e logo tive que sair e me mexer para ativar. Valentina sendo monitorada e com freqüência excelente durante todo o TP. Assim foram passando as horas, dentro e fora da banheira, caminhando, rebolando, agachando a cada contração, de cócoras, em pé, em quatro apoios…opa! Em quatro apoios!! Quero ficar assim!! Impressionante como a natureza te direciona, senti que seria assim. Enquanto isso, Cris doula, Cris obstetra e Humberto, faziam o máximo de silencio e assistiam ao TP, sentados nos chão, ou até deitado (Humberto) para me dar apoio. Humberto me apoiou de todas as formas, especialmente fisicamente, quase desmontei o rapaz 🙂 Estávamos todos sob a luz de poucas velas, ouvindo mantras e aguardando o momento.

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No meio das andanças descobrimos que Valentina estava dentro da bolsa, ou seja, empelicada. Fiquei animada por que sabia das vantagens como a proteção dela e do meu períneo (além de achar liindo). Foram 12 horas na fase final de trabalho de parto, que geralmente dura 4 horas em média. Embora estivesse cansada e minha última refeição tivesse sido o café da manhã, tomei água, sucos e em nenhum momento pensei que não iria agüentar ou que precisava de algo como analgesia por exemplo. Não sentia pela dor, sentia pela espera que era loonga. Quando a Cris me perguntava se eu queria algo eu variava entre: suco de limão, laranja ou QUERO que ela VENHA logoooo!

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Estava em transe, sentia que ficaria ali mais 12 horas se fosse necessário e conversava muito com Valentina mentalmente. Dizia, na próxima contração a gente tenta, e se não der a gente tenta de novo, ninguém irá medir nossa força, fique tranqüila que juntas estamos fazendo um bom trabalho. Enquanto isso, rolava uma pressão do lado de fora da sala de parto, alguns profissionais queriam agilizar o processo, mas…salvas pelo Plano de Parto que foi entregue na chegada.

A vontade de fazer força começou a aparecer, então a cada contração a Cris doula dizia: quando tiver vontade, faça uma força beeem comprida! E após as contrações eu buscava consolo na expressão dela. Ela me dizia que eu estava indo muito bem e logo logo Valentina sairía. Cris obstetra assistia e respeitava.

Dia 14/07: Enfim, 01:50, em uma forte contração Valentina chegou, com uma ajeitadinha providencial da obstetra (por que a Tina estava com a mão no rosto, disseram) e a atmosfera de alívio imediato tomou conta do ambiente. Sim, um parto natural com TP de aproximadamente 15 horas,inusitado, com um bebezão de 3825kg, 50cm, empelicada, “Capurro” de 41 semanas e 6 dias. Tudo feito com nossa produção hormonal, nossos hormonios do amor o/

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Foto tirada pela obstetra Cristiane Falcão que estava de plantão e foi maravilhosa!

 Após o nascimento nós duas bem chapadas com nosso próprio coquetel hormonal, Valentina veio p o seio mamar o colostro e estimular a saída da placenta (que saiu minutos depois). Sem “sorinho”(ocitocina sintética), sem vários exames de toque, sem analgesia, sem “cortezinho” no períneo (episiotomia), aliás sem nenhum pontinho na preciosa 🙂 Cansativo sim, todos os músculos do corpo doíam no dia seguinte, parecia que tinha sido atropelada kkkkkkkkkkk… Tomei até um paracetamol O.o kkkkkkkkkkkkkkk… A Tina mamou por umas 3 horas e o peito da mamãe produz bastaaante leite (até demais). Se eu faria novamente? SIM, com certeza. É verdade que o TP prepara p o pós parto? SIM, o pós parto é punk! Mas isso é tema p outro relato (pós parto e suas angústias).

Agradecimentos aos envolvidos no grande dia: A Deus, a natureza, ao universo…pela inspiração e força; A Janis Joplin por ter existido e ser trilha de alguns dos momentos mais intensos da minha vida; A dinda Jana por me acolher sempre em seu coração e sua casa (e pela geléia de damasco #contrabandonopósparto)

A amiga Ciça por ter gravado o cd que eu pedi (trilha do parto);

A doula Cristina Melo que me incentivou, tranquilizou, e ainda me atura no pós parto :p parabéns pela atuação, ser doula não é p qualquer uma!

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Ao obstetra Fernando Pupin pelo pré natal impecável até os 45 min do segundo tempo, além da visitinha no dia seguinte 😉

A obstetra Chis Falcão, perfeita em sua atuação, postura admirável, sensível, preparada para o parto humanizado;

Ao meu companheiro, amigo, namorado, e agora pai da nossa filha, Humberto (Mico).

Obrigada por me acompanhar em mais esta aventura, por acreditar em mim e por ser você mesmo. Dedico a você o que houver de ternura, afeto e amor em mim 🙂

Aos demais profissionais envolvidos, obrigada.