Vai ser impossível escrever pouco, mas segue o relato do nascimento da Maitê:

Sexta-feira, 27/10, fecharíamos 35 semanas no domingo, que seria nosso chá de fraldas. Trabalhando, comecei a sentir contrações doloridas, muitas, sem ritmo mas bem intensas. Nas costas. Essas não eram as minhas contrações de treinamento diárias, essas eu conhecia muito bem do parto da Lis. Uma vontade de voltar pra casa e organizá-la, arrumar a vida. Eu não tinha nem mesmo lavado as roupas da Maitê ainda, imagina arrumar as malas! Respirei, conversei com os colegas, continuei trabalhando..umas duas horas se passaram e tudo sumiu! Ufa, realmente não queria que ela viesse antes do tempo, mas corri o final de semana todo pra preparar a sua chegada. Dali em diante, todas as sextas-feiras foram iguais! Durante cerca de 2 horas algo engrenava, as contrações eram doloridas, eu me inquietava e nada, de repente tudo sumia.

Sexta-feira, 24/11, fecharíamos 39 semanas no domingo. Acordei estranha, com uma dor na barriga que não me deixava andar direito. Desisti de ir trabalhar, Lis foi pra escola, mandei mensagem pra doula e voltei a dormir. Acordei inquieta, pedi pro Leo vir pra casa, tomei banho e fomos caminhar. Caminhamos 2 horas, as contrações apertaram, jurei que seria naquele dia e puff, sumiram. Como Lis havia nascido de 40 semanas e 5 dias, entendi que ainda estávamos longe do parto. Marquei sessão de fotos pro outro dia pela manhã e resolvi organizar tudo que precisava! Marquei durante aquela semana a limpeza do sofá, do ar-condicionado e a minha (unha e depilação), além da instalação da rede de proteção na sacada. Maitê teria que esperar! Naquele domingo, minha sogra ficou com a Lis e fomos caminhar na praia, tomei um banho de mar, me despedi da barriga e chorei por me despedir de ser a mãe apenas da Lis. Almoçamos e tivemos um dia de descanso.

Na segunda-feira fui trabalhar e me despedir de todo mundo. Tive consulta à tarde, tudo ok. A semana passou, tudo que agendei foi feito, na quinta-feira ainda fui dirigindo até meu trabalho pra entregar os papéis da licença.

Sexta-feira, 01/12: brinquei com a Lis a tarde no prédio, inclusive salvei-a de uma cobra que quase me fez parir ali mesmo no bosque! Depois que ela dormiu, eu e Léo pedimos um sushi, que comi com o máximo de wasabi pra ver se o parto começava. Que delícia ele estava! As contrações doloridas voltaram, bem espaçadas mas estavam ali. Senti um enjôo, mandei mensagem pra doula e fui deitar torcendo pra não passar mal.

Sábado, 02/12, 39 semanas e 6 dias: Léo já tinha se programado pra faxinar a casa pq eu já não conseguia mais. Dei café pra Lis e levei-a na casa da minha sogra, fica a uns 10 minutos a pé e não existe a possibilidade de limpar a casa com o furacão dentro! No caminho, enquanto empurrava o carrinho, devo ter sentido umas 3 contrações, fortes mesmo. Cheguei na sogra, fomos na feira comprar bolacha, contrações no caminho. Ela me disse pra deitar e descansar um pouco que cuidaria da Lis. Aceitei, deitei mas não consegui dormir.

Era por volta de umas 11 da manhã, tive uma vontade louca de tomar banho e me arrumar, dona Rosa me deixou em casa e ficou com a Lis. No banho, as contrações apertaram. Não estava monitorando mas tinha uma vaga ideia de que elas vinham bem próximas. Tive certeza de que agora o parto engrenaria. Lembrei que dessa vez tinha uma meta: ficar bonita nas fotos😂 então passei o shampoo que tonaliza o loiro! Saí do chuveiro, avisei a fotógrafa, pedi pro Léo se arrumar, dancei enquanto colocava minha roupa. Rebolar diminuía as dores!

Fiz um penteado, pq eu queria ficar bonita lembram? Botei o top que queria no parto e comecei a prestar atenção no tempo..e as dores foram espaçando, espaçando..e sumiram! Que triste fiquei..almocei e deitei pra dormir..nas últimas semanas, qualquer momento disponível eu dormia, não sabia quando eu iria parir e precisar estar descansada..

Perto das 16 horas, fomos na sogra buscar a Lis. Quando cheguei lá, fomos nós duas na padaria, a pé. Volta e meia eu sentia uma contração. Ainda encontrei uns amigos do Léo no caminho e ri dizendo que logo Maitê chegaria. Mal sabiam o quão logo isso seria! Tomamos café e comecei a ficar agoniada. Andava de um lado pro outro, como as gatas quando começam a procurar um lugar pra parir. Duas vizinhas da sogra que estavam ali me viram e mandaram eu ir pra maternidade pq era visível que eu estava em trabalho de parto, tranquilizei-as (ou não) de que estava tudo sob controle. Eram 19 horas quando voltamos pra casa e minha mãe chegou pra pegar a Lis.

Enquanto minha mãe estava lá em casa, devo ter sentido umas 3 contrações que tentei a todo custo disfarçar mas era impossível..ri e falei que tava tudo bem, que achava que do próximo dia não passava. Quando elas saíram, entrei no chuveiro. Avisei a doula e comecei a monitorar: contrações a cada 1 minuto! Como eu posso ser tão ruim em ter noção de tempo? Mandei a foto pra doula e ela me disse que algo devia estar errado com meu aplicativo😂Mal consegui sair do chuveiro, fiquei uma meia hora lá.

E pra achar uma blusa que combinasse com o único short que ainda me servia? Levei uns bons minutos agachada na frente no armário. Léo começou a me apressar pra irmos pra maternidade, estava com medo de não chegarmos a tempo! Passei o rímel em etapas entre as contrações, pegamos as malas e fomos. Na porta do elevador ainda falei pro Léo: “vou chegar lá e o médico vai dizer que ainda não tenho dilatação, isso deve ser alarme falso, eu não vou voltar pra casa! A gente vai ficar caminhando por lá até engatar!” Eu nunca acredito né? No caminho, lembro de passar pelos relógios da avenida Beira-Mar: 20:41 (contraçãão), 20:43 (contraçãão)..o aplicativo não estava errado não! Léo, tô com uma vontade de gritar “Filha da putaaaaa que dooooor”!

21:15, fui avaliada pelo plantonista: “nossa, tô achando que teu colo tava alto, eu já tava era dentro do útero, tu tá com 8 de dilatação!” Liga pra doula, liga pra fotógrafa, liga pra obstetra! Preenchi os papéis da internação e subimos pra sala de parto.

Em uns 15 minutos, estavam todas lá! As mulheres lindas do meu parto! Sentei na bola de pilates e ali fiquei, conversando e rebolando.

Parava pra sentir a dor e voltava a conversar. De repente, um puxo involuntário, aquela força que vem do além, e a bolsa estourou. Senti Maitê descer todinha, travei ali e não conseguia mais me mexer, sabia que seriam mais algumas forças e ela nasceria, segurei. Me agarrei na cintura da obstetra, me aninhei ali e lembrei da Lis, quando ela se sente protegida no meu colo..Vi a movimentação acontecer, Léo me pegou pelos braços, a obstetra me levantou, a doula tirou a bola, colocaram alguns panos e ali no chão mesmo eu fiquei..Só conseguia pensar que queria desistir, não quero mais filho, pra que eu invento essas coisas de parir assim? Queria poder desmaiar em paz, queria ter pedido anestesia, queria ter marcado a cesárea..apaguei.

Devo ter ir pra partolândia por uns 2 segundos, e então ouvi alguém me chamando: “Thaisy, volta, tá tudo bem, fica aqui, você precisa deixar essa bebê nascer.” Era a dr Bruna, obstetra bruxa, me olhando profundamente nos olhos. Lembro dela me dizer pra abrir a boca, só abrir a boca, pois isso abriria o canal vaginal. Nessa hora, respirei fundo e pensei “foda-se, vamos fazer esse negócio acabar de uma vez, vou deixar ela sair e pronto”. Lembro de cantar alguma melodia durante as forças, abri a boca como ela pediu e senti a cabeça da Maitê sair.

Nasceu, ai socorro! Cordão enrolado apertado, dr Bruna desenrolou e senti o corpinho quente dela escorregar. Eram 22 horas, ela tão linda, tão cabeluda!

Veio pros meus braços, não chorou, fiquei até preocupada, mas estava tudo bem! Uns 20 minutos até cortarem o cordão, períneo íntegro, nenhum ponto! Gente, perdi a hora da janta? To morrendo de fome, a gente pode pedir comida então? Olhei pra banheira, cheia, agua limpinha, e só pensava cadê glamour? Pari no chão gente, igual na calçada, pq não consegui chegar na banheira! Marido mostrou a foto que postou, gente fiquei diva, meta atingida, parto rápido e recuperação ainda melhor! Saí da sala de parto pronta pra correr uma maratona!

Agradeço de novo à dr Bruna, linda com aquela trança vermelha, que chegou dizendo que escutou Maitê dizer que viria naquele dia, e isso me deixou tranquila de saber que o parto não demoraria;

Á Cris, minha doula pela segunda vez, que tem um trabalho lindo, me lembro das mãos nas minhas costas, do apoio na bola, do leque que fazia um vento maravilhoso, do clima descontraído que criou, da sensação de segurança que sinto quando te vejo na sala de parto;

à fotógrafa invisível Priscila, que por ter parido 2 vezes me deixa tão tão à vontade com sua presença; e ao marido por estar lá, apoiar, incentivar e sempre saber a hora de ir pra maternidade!

À Deus por nos cuidar e à Maitê, que me deixou de verdade ter um parto “lento” pra poder curtir cada contração que senti, os alarmes falsos, foi tudo realmente uma delícia de viver❤️

Nasciment

Publicado por Priscila Rezende Fotografia Infantil em Quarta-feira, 27 de dezembro de 2017