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Esse texto não é apenas o relato do meu parto, é o dia, que transformou e mudou tudo dentro de mim, colocado em palavras!

Claro que essa transformação não começou e terminou no dia 19/03, a sementinha brotou em setembro de 2014 quando eu estava com 3 meses e comecei a pesquisar sobre parto e o mundo da humanização abriu meus olhos e coração que até então viviam no mundo perfeito em que todos os obstetras faziam sempre o melhor para mãe e bebê, mas a vida ainda não é tão perfeita e achar um obstetra humanizado em BC pela unimed foi a primeira luta sem sucesso onde abandonei e fui abandonada e sem acompanhamento e com um pré-natal meio capenga (mas pelo menos com todos os exames e US necessários feitos) e rumo as 41 semanas resolvi ir para Floripa e me consultar na Maternidade Ilha onde eu ia ter minha filha de forma mais humana possível!

Bom antes disso meu encanto foi tanto que fiz o curso de Doula com o DONA internacional e com a Naoli, foi uma experiência sem igual…que mundo lindo esse da gestação, do parto e do amor e ocitocina que abriu diante de mim! E a partir daí eu sabia o que queria e a importância de trazer um filho ao mundo com respeito e carinho, mas o que eu não sabia era o quanto é gratificante, transformador, surreal e o quanto ter uma doula e um companheiro fantástico e uma obstetra querida e uma fotógrafa com um olhar sensacional deixa tudo ainda mais recompensador! E antes eu já dizia mas agora eu digo com toda a certeza do meu coração TODA mulher merece um parto humanizado e uma doula, pq toda mulher merece passar por isso pelo menos uma vez na vida!

Voltando ao dia 18/03 (quarta)para não virar um livro… com exatas 41 semanas cheguei no Ilha no plantão da Chris Falcão uma querida, que apesar do meu US feito segunda estar tudo aparentemente bem, eu precisava ser acompanhada diariamente e ter tido um obstetra presente e um pré-natal descente, ela não podia arriscar me mandar para casa e acontecer algo… foi sugerida a indução com comprimidos intra-vaginais… meu chão fugiu de mim na minha cabeça veio “comprimido, ocitocina sintética, analgesia, cansaço, cesarea” e o pânico de ter um parto frustrado tomou conta de mim por um minuto.

Depois me veio uma paz e uma voz me dizia “confia e acredita” crenças de cada um a parte.. eu sabia que a espiritualidade estaria lá comigo e eu iria conseguir… internei as 14h do dia 18/03 e após 3 comprimidos (depois do 4 iria para ocitocina) já no dia 19/03 as contrações começaram leve as 4am e foram progredindo a bolsa estourou e eu já estava com muita dor gritei pela Cristina Melo, que chegou lá rapidinho com toda sua serenidade e carinho, fica na bola, chuveiro, caminhada e acalmando as vovós que estavam a flor da pele também!

E eu que achaca que não ia conseguir vocalizar, vocalizei e bem e alto, mas eu nem sentia, nem me importava…ainda não estava na partolândia, mas já vai um pequeno transe durante a contração, eu estava ainda com 4cm de dilatação quando ouvi a melhor coisa “vamos deixar seu corpo funcionar não vai precisar da ocitocina sintética”, e assim fui seguindo conversando com a Cris e o lu entre as contrações e muita bola e chuveiro e massagem e carinho com o Lu e Cris sempre ao meu lado quando a coisa começou a apertar eu sabia que podia vencer o mundo… com 8cm de dilatação corre chama a Juliana Pissuto que fotografou lindamente tudo.

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Quando a Ju chegou eu já estava a um passinho da partolândia e a obstetra era a queridissima da Karol, as vovós esperando ansiosas lá fora… eu já me preparava para ter de cócoras na cama, quando falaram “pode vir a suite com a banheira vagou”…. eu nem acreditei em como tudo estava se encaixando perfeitamente, mas olha na banheira ou não eu estava feliz pq meu corpo estava fazendo o trabalho e apesar da for que era muita eu tinha o Lu que eu segurava, apoiava, apertava, que foi minha fortaleza… quando entrei na banheira a dor amenizou, as coisas acalmaram, mas opa! Não pode acalmar tanto assim precisava terminar de dilatar…Então a Cris começou a me guiar e falar para levantar e rebolar, sair da banheira e ir pro chuveiro um pouco, na hora eu não queria…eu queria relaxar, chega de dor eu pensava, não quero mais isso, pedi analgesia, chorei…

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Mas foquei na Cris e confiei que ela sabia o que era melhor e segui os conselhos, e com sua calma ela dizia “você não quer não analgesia”… Então eu olhei pro Lu e dizia “eu queeero” e ele foi firme e me disse que não ainda bem e a Karol também no apoio “Você vai conseguir” é incrível a força que vem quando as pessoas acreditam em você!!!! Depois volta para banheira…dilatação total… hora de parar de vocalizar e fazer força concentrar no expulsivo, eu segurava no Lu e fazia o máximo de força que podia… “Faz uma força compriiiida” a Karol dizia “Eu não tenho mais força” eu retrucava e ela e Cris me davam essa força… sem contar com o Lu que era literalmente meu suporte em tudo… eu nem sentia a presença da Ju que captava tudo com sua lente… eu estava na partolândia e entregue desde que entrei naquele quarto e era hora.

Ela corou e a Cris falou sente o cabelo dela coloca a mão, mas sabe quando vc não quer nem mexer para não desconcentrar, eu não queria nem respirar para não atrapalhar o próximo puxo na próxima contração e então juntei todas as forças do meu corpo e alma e fiz a força compridaaaaa… senti bem o círculo de fogo quando ela passou, mas isso não dói nada e ela foi com tudo passou cabeça e corpo rapidinhos e a Cris dizia “segura ela” e então eu pesquei minha filha, aquele ser pequeno e quente que tossiu e chorou um pouquinho e então veio para o meu acalento…aquele olhar…meu mundo parou e eu estava completamente vidrada e apaixonada e em puto êxtase… eu só pensava “eu consegui! Eu dei a luz! Eu consegui!” O clima estava perfeito…escurinho, com música e tudo mais, mas eu não lembro de nada disso… nem das vovós entrando emocionadas… eu só lembro daquele quentinho no meu peito e aqueles olhos vidrados… eu não consegui chorar… eu queria só sorrir e explodir de emoção!

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Depois eu pari minha placenta com a Karol e a Cris cuidou dela e fez um lindo quadro…e sim eu comi um pedaço tem um gosto salgado forte e parece comer carne crua..e verdade ou não acho que me ajudou muito espiritual e fisicamente! Tanto que eu fui chorar um rio de emoção que estava trancado quando vi o video lindo que a Ju fez e pude reviver tudo de novo…e choro toda vez que vejo!

Sei que a pediatra foi uma querida com minha filha e o papai sempre ao lado e depois nossa família foi ser a família mais feliz do pedaço no quarto

Obrigada de coração a minha doula querida Cris pelo apoio, pelas conversas, conselhos, por ser uma pessoa muito serena e linda, você sempre estará marcada nas nossas vidas e a Angelina sempre vai saber da sua importância para trazer ela ao mundo!

Obrigada Karol por ser uma obstetra humana, que se preocupa de verdade com a mãe e o bebê, vc foi sensacional!
Obrigada Ju pelo seu olhar de fazer bater mais forte esse coração, acho que ganhei uma fotógrafa e uma amiga, pq vc conseguiu desvendar minha alma nesse parto! Para ver todas as fotos: http://julianapissuto.com.br/
Obrigada vovós Maria Ambrosi Caletti e Valéria Gomes pelas orações, pelo respeito e pelo apoio mesmo que distante!
Obrigada Luciano Caletti meu amor, sem você eu não teria conseguido, obrigada por acreditar e confiar nas minhas decisões e por me apoiar incondicionalmente, nós parimos nossa filha e eu te amo ainda mais (se isso for possível) por isso, you are my rock!

E é isso… e eu desejo isso para toda mãe!
Eu nem sei mais o que é a dor do parto e passaria por tudo isso de novo!

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Fernanda Vieira – Doula e Mãe da Angelina