Conheci o trabalho da Cris no início da gestação, quando comecei a fazer meu pré-natal.  Estava atrás de vídeos de partos naturais e encontrei vários no site dela. Ficava muito emocionada quando assistia e cada vez mais decidida a ter um parto natural e humanizado. Confesso que não passava pela nossa cabeça a ideia de ter uma doula, achava que não iria me sentir bem e à vontade na presença de uma “estranha”. Ao mesmo tempo, como era minha primeira gestação, estava insegura com muitas coisas e não tinha certeza se saberia identificar quando estivesse entrando em TP. Fizemos o pré-natal com o Dr. Marcos Leite e com o Dr. Fernando Pupin, dois ótimos médicos e defensores do parto natural. Ambos mencionaram e elogiaram o trabalho da Cris.

Após decidirmos fazer o parto com o obstetra de plantão na Clínica Ilha, conversamos com o Dr. Fernando sobre algumas dúvidas que tínhamos a respeito do que fazer na “hora H”, já que eu não tinha feito nenhuma preparação física especial além das aulas semanais de hidroginástica. Também tínhamos dúvidas se estávamos realmente preparados para levar a termo um processo parto natural contando apenas com o auxílio do plantonista. Ele disse que qualquer mulher estaria preparada para um parto, que “não precisa ser atleta” para isso. E acrescentou que ajudaria muito se contratássemos uma doula para o trabalho de parto e me sentir mais segura.

Como já conhecíamos o trabalho da Cris, optamos por chamá-la e entrei em contato com ela quando já estava com 37 semanas. Ela veio até a nossa casa para conversarmos e nos conhecermos pessoalmente. Durante  essa primeira visita (que acabaria sendo a única antes do parto) ela nos orientou sobre a importância de poder contar com um médico a favor do parto natural, pois infelizmente existem vários que preferem arrumar mil desculpas para te encaminhar para uma cesárea. No meu caso, com apenas 1,56 de altura e 48 quilos (antes da gestação, é claro), seria fácil dizer que eu era “muito pequena”, por exemplo. Tomamos um café, conversamos mais um pouco e deixamos marcado para quarta da outra semana uma aula de simulação de parto.

Na terça- feira de manhã, acordei e tive a sensação de que um pouco de água escorreu pelas pernas. Fui para a hidroginástica e quando voltei senti novamente um líquido escorreu e uma espécie de gelatina saiu também. Imaginei que fosse o tampão, mas liguei pra Cris pra confirmar. Ela me orientou a ligar pro doutor Fernando caso aumentasse e ir para Clínica Ilha.

Depois disso, passei o dia ativa. Saí, fiz almoço, organizei umas coisas pela casa e terminei de arrumar as malinhas (intuição). Quando subimos pra deitar estava tudo bem, assistimos TV e lá pelas 22h30 comecei a ter uma espécie de dor de barriga, mas essa dor não passou. Ficamos um pouco assustados, sem saber direito se eram as contrações. Não esperávamos que elas chegassem tão cedo, pois ainda estava com 38 semanas e 5 dias.  Liguei para a Cris meio nervosa e ela confirmou que eram contrações e nos orientou a contar os intervalos.  Quando elas estivessem de 4 em 4 minutos, eu deveria ligar pra ela. O trabalho evoluiu rápido, lá pela 1h da manhã estava com contrações de 5 em 5 minutos e estava alternando entre o chuveiro e a bola de pilates para aliviar. Foi quando percebemos um sangramento. Ligamos para Cris apavorados e ela disse para irmos direto para a clinica que ela nos encontraria lá.

Chegamos e fomos atendidos pelo médico de plantão, muito atencioso, que me examinou e disse que estava com 5 de dilatação. Falamos que nosso plano era ter um parto natural com o acompanhamento de uma doula e ele aceitou bem a ideia, dizendo que faríamos tudo “no meu ritmo”. Mesmo assim, nos pareceu um pouco inexperiente, pois assim que chegamos já pediu para que eu ficasse em jejum, caso fosse necessária uma cesárea e nos exames posteriores dizia sempre que minha barriga estava “um pouco alta”.

Depois do primeiro exame, nos encaminharam para a sala de parto natural. A enfermeira nos levou até lá e logo saiu, deixando eu e o Diógenes meio perdidos, olhando um para o outro sem saber muito bem o que fazer. Alguns minutos depois outra enfermeira apareceu e perguntou se eu iria usar a banheira. Com a resposta afirmativa, ela tentou enchê-la mas quase queimou o motor, pois não sabia direito como ligar. Por sorte a Cris chegou logo em seguida e, já familiarizada com o ambiente, ligou a banheira do jeito certo, para alivio geral de todos. Ao contrário do que eu esperava, a presença da doula me deixou muito mais à vontade e me transmitiu segurança, mesmo tendo nos encontrado apenas uma vez.

Enquanto a banheira ia enchendo, ela conversava comigo para me acalmar e me orientou a usar a bola. Mas eu não me adaptei muito e preferia ficar em pé andando ou me apoiando na parede. A Cris jogou seus “óleos de bruxa” na água e logo um suave perfume de lavanda encheu a sala. Quando entrei na banheira ela começou a fazer uma massagem que aliviava muito o meu desconforto durante as contrações. Ficamos assim durante um bom tempo, ela e o Diógenes se alternando na massagem.

O médico voltou para ver a ver a minha dilatação e continuou insistindo que o bebê estava um pouco alto, como se quisesse dizer: “não se anime muito porque pode não dar certo”. Assim que ele saiu, a Cris piscou para nós e disse: “não está alto não, vamos lá que vai ficar tudo bem”. Também me dava uns melzinhos para chupar para que minha glicose não baixasse, pois já estava há algumas horas sem comer. O encorajamento dela e do meu marido foi muito importante. Muitas vezes, quando achava que eu não ia conseguir, eles me apoiavam. Em alguns momentos achei que não ia suportar sem analgesia. Mas ela me dizia: “Você consegue, sim! Mas ninguém vai te achar mais fraca ou menos corajosa se quiser tomar.”

Durante a evolução do parto alternei entre a banheira e o chuveiro, pois a água quente ajudava bastante com a dor. Quando estava com quase 7 cm de dilatação, minha mãe chegou de Blumenau. Ligamos para ela assim que chegamos na clínica e ela e o meu pai imediatamente pegaram a estrada. Sua presença também foi muito importante, me dando força e coragem para prosseguir.

Estava chegando a hora de troca de plantão dos médicos e já sabíamos que o próximo plantonista não era nem um pouco a favor do parto natural e totalmente pró-cesárea. E agora? Depois de tudo que passamos, não podíamos “morrer na praia”.  Diante das circunstâncias, refizemos nossas contas e decidimos que seria melhor chamar o doutor Fernando. Foi realmente a decisão mais acertada. Essa equipe foi essencial para o sucesso do nosso parto.

Depois disso – talvez por ter relaxado após aqueles momentos de tensão – a evolução foi muito rápida. O doutor chegou às 7h e logo deixou que eu me alimentasse, pois estava muito fraca e cansada. Tomei um suco de laranja e comi meio mamão, em pleno “sufoco” do trabalho de parto. Com um pouco mais de energia, lá pelas 7h30 eu já estava sentindo que era “A” hora de fazer força. Fiquei ao lado da banheira, me agarrando nas bordas e acocorando a cada contração, enquanto meu marido segurava minha mão e todos (ele, a Cris e a minha mãe) me incentivavam com palavras de apoio. Assim que ele coroou, entramos eu e o Diógenes na banheira. Às 8h10 do dia 30 de maio nasceu o nosso Dylan. Na água, lindo e cheio de vérnix protegendo sua pele. A Cris o tirou de dentro da água e logo entregou para mim. Ficamos com ele nos nossos braços e permanecemos na banheira durante aproximadamente 15 minutos enquanto seu cordão ainda pulsava. Logo após esse momento mágico, o papai cortou o cordão e ele mamou! Não chorou em nenhum instante, só abria a boca como se bocejasse e piscava os olhinhos.

 Como já mencionei, a dupla formada pela Cris e o Dr. Fernando foi fundamental para que o nosso sonho se realizasse dessa maneira tão perfeita. Obrigada aos dois, o trabalho de vocês é maravilhoso!
-Suzanne Figueredo-






Cris -> Suzanne, muito obrigada por me deixar participar deste momento tão importante, você foi maravilhosa e muito guerreira. Diógenes também, muito companheiro e participativo. Fico muito feliz que no fim tenham chamado um obstetra a favor do parto natural,
pois apesar de tudo que você estava fazendo, que era tudo como deveria ser pra você, a maioria dos médicos não consegue entender e por isso não respeitam. O próximo nasce em casa né? Com carinho, Cris Melo