Eu descobri que estava grávida no início de agosto de 2011, e fiquei desesperada! É, a gravidez não havia sido planejada e eu fiquei com muito medo… Quando contei para o Jean ele abriu um sorriso enorme e disse “Que legal! Parabéns!” E a gente se abraçou. Depois disso ficou tudo bem, nós tínhamos certeza que esse bebê viria para abençoar ainda mais as nossas vidas. O Jean tem dois filhos do seu primeiro casamento, um menino de 14 e uma menina de 11, e eu tenho um filho de 12 anos. Estamos juntos há quase 9 anos e sempre pensamos em ter mais um filho, mas com a correria do dia a dia essa conversa nunca se prolongou muito, e acabamos, depois de um tempo, desistindo da ideia, pois sempre parece que nunca é o momento certo… Então a Sofia resolveu aparecer de surpresa, após uma troca de pílulas mal sucedida…

O parto do Renan foi uma cesárea necessária (segundo o médico). Eu tive pré-eclâmpsia e fui internada no HU com 39 semanas. A indução do parto foi iniciada com 39 semanas e 3 dias. Após 2 dias de trabalho de parto e 6cm de dilatação, o batimento cardíaco começou a cair e fizeram uma cesárea de emergência, foi tudo tão rápido que eu só lembro do anestesista falando “nossa, que inchada, tomara que eu acerte…”. Foi realmente traumatizante. O Apgar foi 8/9, então não sei até que ponto a cesárea foi tão necessária assim.

Agora, mais experiente (eu tinha 19 anos quando o Renan nasceu) e com mais recursos para pesquisar, eu decidi que faria todo o possível para ter um parto natural, e assim que o exame deu positivo eu já comecei a pesquisar, e no primeiro site que acessei encontrei um artigo escrito pela Cris. Eu não sabia o que era Doula, mas me apaixonei pelo seu blog e pelos relatos dos partos, pelos artigos, por tudo! Chorava a cada novo relato que ela postava. Como ainda estava somente com 10 semanas, não entrei em contato, só ficava acompanhando o blog. Com 16 semanas a ansiedade me consumia e eu enviei um email. Demorei um pouco para convencer o Jean a ir comigo conhecer a Cris, pois ele achava uma bobeira esse negócio de parto natural, Doula… Quando estava com umas 20 semanas, fomos na casa da Cris. Adorei tudo o que ela falou! Ela foi maravilhosa e o Jean começou a concordar com as minhas ideias… Ela sugeriu que eu trocasse de obstetra, e me indicou os que eram a favor do parto natural. Mas eu confiava muito na minha obstetra e decidi não trocar, só decidi que iria chamar outro obstetra para fazer o parto, e fui conhecer os que ela havia indicado. Foi quando marquei a consulta com o Dr. Fernando Puppin. Ele foi maravilhoso, nos incentivou muito quando falamos que iríamos tentar o parto natural e se colocou a nossa disposição.

Com 38 semanas eu parei de trabalhar, pois estava muito cansada e ansiosa. Achava que a Sofia podia querer nascer a qualquer momento e eu queria estar preparada para o trabalho de parto. Sentia contrações quase todas as noites, mas duravam aproximadamente 3 horas e depois parava tudo. Todas as noites eu pensava “está começando!”. E logo percebia que não era nada… Com 40 semanas a ansiedade já não aumentava mais, pois depois de quase três semanas achando que toda noite eu iria conhecer a Sofia, não tinha mais de onde vir ansiedade… Depois que passou a data provável do parto e o signo de Peixes, ela poderia nascer Ariana em qualquer data!

Eu fiquei bem tranquila, pois percebi que a Sofia só viria quando ela quisesse, e eu não poderia mais fazer nada além do que eu já estava fazendo: exercícios na bola, mentalização, caminhadas (só no shopping, pois o calor de março estava insuportável rsrs), e repouso. Nessa fase eu já havia parado de me consultar com a minha obstetra e estava indo no plantão do Ilha consultar sempre com o Dr. Fernando. Ele sempre maravilhoso, me acalmava quando eu chegava lá achando que estava fazendo alguma coisa errada. A Sofia continuava super bem, os batimentos sempre muito bons, ela não parava de se movimentar, a minha pressão estava sempre ótima, então eu saía de lá muito tranquila e voltava para casa pensando que poderia nascer a qualquer momento. E continuava esperando…

41 semanas e nada da Sofia… Fui consultar com o Dr. Fernando e ele fez o exame e eu estava com 2cm de dilatação. Mas nenhum sinal de trabalho de parto. Então ele fez o descolamento da bolsa. Nossa, que dor! Mas tudo bem, fiquei bem feliz porque logo depois já começaram as contrações. Fui pra casa muito feliz e fiquei sentindo as contrações até perto da meia noite, depois parou tudo de novo. Desânimo total… No dia seguinte pela manhã o tampão saiu! Era um sinal muito positivo, mas ainda nada de contrações… Decidimos que iríamos induzir com a sonda se até o dia seguinte não iniciasse o trabalho de parto. Com 41 semanas e 2 dias fomos para o Ilha decididos a colocar a sonda. Dr. Fernando fez o cardiotoco e estava maravilhoso, então decidimos esperar mais um dia para depois iniciar a indução com a sonda.

Sei que estava tudo bem, o exame sempre bom, a Sofia sempre mexendo, porém quando chega nas 41 semanas o medo começa a bater… Ficava o dia inteiro observando os movimentos da Sofia, estava morrendo de medo que acontecesse alguma coisa com ela e que eu não percebesse. Sei que era pura ansiedade, mas era impossível controlar o medo nesse momento. Enviei mensagem para a Cris avisando que eu estava muito preocupada e que iria colocar a sonda naquele dia. Não conseguiria passar mais uma noite esperando. Fomos para o Ilha e o Dr. Fernando foi lá para colocar a sonda. Sofri horrores, pois o meu colo estava posterior (acho que era isso que ele falava), e o Dr. Fernando disse que o meu azar era que ele era insistente, pois ele tentou umas três ou quatro vezes até conseguir colocar a sonda. Passou um trabalhão, mas finalmente conseguiu… Enviei mensagem pra Cris e fui pra casa super ansiosa, quase não conseguia dormir. Acho que peguei no sono perto da meia noite, e uma meia hora depois começaram as contrações. Não chamei o Jean, fiquei rezando para que não parassem e observando a minha barriga. Não conseguia descansar, e só lembrava da Cris falando “deita e dorme!”. Quem consegue deitar e dormir sabendo que o seu bebê está quase chegando??? Acho que enviei a primeira mensagem para a Cris às 3h30, quando as contrações começaram a ficar regulares de 5 em 5 minutos. Como ela não respondeu logo (e ela sempre responde logo) eu liguei. Ela disse para eu ficar tranquila, descansar e ligar de novo quando estivessem mais próximas. Perto das 7h eu já estava sentindo muita dor e muito medo. A Sofia continuava mexendo, as contrações continuavam regulares, mas eu não conseguia controlar o medo. Tinha medo da sonda, medo que as contrações parassem, e acho que esse medo me fazia sentir mais dor. Depois de conversar com a Cris novamente decidimos tirar a sonda. Aquilo estava me deixando muito nervosa e tirá-la foi um alívio. Não físico, pois não fez diferença nas dores, era só emocional mesmo…

Meu exame para Streptococos tinha dado positivo, por isso eu precisaria do antibiótico. Então quando as contrações ficaram de 3 em 3 minutos, a Cris falou pra gente ir pra maternidade, e que ela estava indo também. Chegamos no Ilha umas 10h30 e surpresa: não tinha quarto! Mas o pessoal lá é maravilhoso, e não demorou 10 minutos para nos levarem para a sala de parto. O quarto eles resolveriam depois… A enfermeira me examinou e disse que estava com 2cm. Logo depois a Cris chegou e ficamos lá, conversando, tentando recuperar o celular da Cris que ela tinha deixado no táxi… Essa foi a parte mais engraçada e que fez o tempo passar muito rápido! Acho que ela falou com umas 15 pessoas e nada… Até que o motorista entregou o celular lá no Ilha… Muita sorte! A enfermeira que tinha me examinado chamou a Cris fora da sala e disse pra ela que eu já estava com quase 5cm, e que não tinha me falado para eu não ficar ansiosa! Eu não fiquei ansiosa, fiquei foi muito feliz e mais disposta a fazer de tudo para ter o parto natural tão sonhado. Porém quando o Dr. Fernando chegou, acho que passava um pouco do meio-dia, e ele fez o toque, meu mundo caiu… Ele fez uma cara de desânimo e falou que estava exatamente como no dia anterior, o colo apagado, ou fechado, ou posterior, alguma coisa assim, não lembro bem, e os mesmos 2cm. Nesse momento eu vi todo o meu sonho ir por água abaixo. Fiquei super desanimada e me sentindo culpada. Não sei por que, mas sentia como se eu não desse conta do meu parto.

Começamos com a Ocitocina e as contrações não aumentaram muito. Como eu tinha a cesárea anterior, tudo deveria ser com muita cautela, por isso era pouca Ocitocina. Acho que eram 14h30 quando o Dr. Fernando voltou para examinar e eu estava bem confiante de novo, eu falava para ele que nem precisava examinar porque eu já estava com 8cm… Eu ficava visualizando isso na verdade, mas depois do toque, a sua expressão foi a mesma… Quando ele falou: “Vanessa, vamos conhecer a Sofia agora?”, eu entrei em desespero. Não acreditava que o meu grande sonho, para o qual eu havia me preparado durante toda a gravidez, estava indo embora assim. Comecei a chorar na hora, e não respondi nada. Só olhava para a Cris, esperando que ela me falasse para não desistir ainda, que eu deveria ficar ali o tempo que fosse necessário e que eu iria parir a Sofia de qualquer jeito. Mas ela não falou nada e me olhou com a mesma expressão de desânimo do Dr. Fernando… Que tristeza… Se até a Cris estava desanimada, como eu poderia acreditar que seria possível? Parece que o Dr. Fernando ouviu o meu pensamento e falou que se ele acreditasse que o TP iniciaria, e que a dilatação aumentaria, ele ficaria ali comigo até o dia seguinte, mas com o colo do útero do jeito que estava, ele achava que não fazia sentido a gente esperar mais. Eu continuei não respondendo nada e ele falou que iria aumentar a Ocitocina… Quando ele saiu a Cris perguntou do que eu tinha medo, o que eu estava sentindo. Eu não lembro o que eu respondi para ela, pois naquela hora eu só pensava em como eu queria conhecer a Sofia, da forma que fosse, mas ao mesmo tempo não aceitava a ideia de ter me preparado tanto para o parto e acabar em outra cesárea.

A enfermeira aumentou a dose da Ocitocina e acho que em menos de 2 minutos as contrações vieram com força total. Logo elas estavam uma em cima da outra, mal dava tempo para eu pensar entre uma e outra. A dor estava quase insuportável. A Cris pegou os óleos mágicos dela e fez massagem nas minhas costas. Depois eu fui para o chuveiro e pedi para o Jean ir comigo. Achei que fosse relaxar, mas a dor aumentou muito! Quando eu saí, não sei quanto tempo depois, a Cris falou que o chuveiro realmente acelerava o trabalho de parto, por isso aquela dor enorme. Eu sentia vontade de gritar, de sair correndo dali, mas só pensava na dilatação…

O Jean fazia massagem, e eu desabafei pra ele que não aguentava mais… Que se a dilatação não tivesse aumentado, iríamos para a cesárea. Ele concordou, não aguentava mais me ver com tanta dor. Eu não conseguia mais pensar direito e não sei mais quanto tempo se passou… (umas 2-3 horas) Dr. Fernando veio fazer o toque. Quando olhei para ele e ele fez aquela mesma cara de desânimo, eu aceitei que não tinha mais o que fazer e aceitei que era a hora de conhecer a Sofia. Na verdade doía tanto que eu acho até que esqueci que estava indo para a cesárea, eu só pensava na anestesia que faria aquela dor insuportável parar. Tudo culpa da Ocitocina… Nesse momento todo o sonho do parto natural acaba muito rápido, pois as enfermeiras entram na sala de parto orientando para a cesárea, começa uma correria, cada um fala uma coisa, tira os brincos, coloca a camisola, pega a roupinha que a Sofia vai usar… Uma função, e eu ali, morrendo de dor e não conseguindo mais raciocinar direito. Acho que eu gritava quando vinha a contração. Não lembro…

O anestesista demorou um pouco para chegar, e eu só pedia por ele. Nesse momento eu só conseguia pensar no anestesista! E finalmente ele chegou… A Cris conversava comigo e ela e a enfermeira (eu acho) me orientavam sobre a anestesia, pois a Cris sabia que o meu maior medo era esse. Na cesárea do Renan eu pulei da maca quando o anestesista passou o algodão molhado, e eu tinha medo de pular de novo por causa do medo, mas com a Cris e a outra pessoa (que eu não lembro quem era) me acalmando, eu consegui ficar sentada, bem comportada, para receber a anestesia… E finalmente a dor parou. Mas logo comecei a ficar louca, não sei se foi efeito da anestesia ou só medo da cirurgia. Louca e chata! Nossa, não sei como o anestesista não me sedou de vez… rsrs. Eu ficava falando que estava sem ar, que estava sentindo tudo, que a anestesia não tinha funcionado, e ele só ria. A Cris me acalmava, com suas mãos maravilhosas no meu rosto. Eu estava realmente nervosa…

O Jean chegou logo e também conversava comigo, e eu acho que fiquei mais tranquila. Alguém perguntou o peso da Sofia, e o Dr. Fernando disse que ela nasceria com 4,150kg (acho que ele e a equipe sempre apostam…) e eu falei 3,800kg, eu acho. Não lembro bem. Logo a Cris abaixou o campo cirúrgico e eu vi a minha princesa Sofia nascendo! Ela saiu linda da minha barriga, toda verdinha, coberta de mecônio! E enorme! Nunca imaginei que uma cesárea pudesse ser daquele jeito. Eu vi a minha filha nascendo! Vi o cordão sendo cortado, e vi a pediatra levando a minha bebê gigante… hehe. Foi tudo perfeito e emocionante! Não foi nada parecido com a minha primeira cesárea, em que eu fui a última pessoa da sala a ver o meu bebê. E agradeço a Cris e ao Dr. Fernando por essa experiência maravilhosa. Quando a pediatra levou a Sofia o Jean foi junto, e logo ele voltou com a nossa filha linda nos braços, e ali ficamos, nos conhecendo, nos cheirando, conversando. É tanto amor que nos cerca naquele momento que não tenho palavras para descrever.

Sofia nasceu com 4,490kg e 54,5cm. Perfeita e enorme!

O pós parto foi um pouco complicado, fiquei muito inchada e senti muita dor. Mas depois de 10 dias passou tudo e eu fiquei bem melhor.  Mesmo não tendo conseguido ter o meu tão sonhado parto natural, foi tudo maravilhoso. A minha cesárea humanizada foi ótima! Adorei ter tido a oportunidade de ver a minha filha nascendo, e agradeço novamente a Cris e ao Dr. Fernando por terem me proporcionado essa experiência. Estamos muito felizes com todo o apoio que recebemos da Cris, do Dr. Fernando e de toda a equipe da maternidade Ilha. São todos maravilhosos!

Vanessa, indução é um bicho muito chato e complicado, e com um colo desfavorável é cesárea quase que na certa.
Quando você me falou de sonda, etc, eu não achava que era a hora, dava pra esperar, mas a decisão era sua e do Jean.
Quando me disse que as contrações estavam fortes, e que chegou na maternidade com 5 cm, eu achei que daria tudo certo, de um colo posterior
e grosso pra 5cm é uma grande mudança. Mas quando o Dr Fernando chegou e estava a mesma coisa, a enfermeira é que havia checado errado, eu achava melhor que você tivesse ido pra casa. Aliás, essa foi uma opção, ir para casa quando a sonda não deu certo, e voltar um ou dois dias depois, e começar novamente… mas você e o Jean claramente não se sentiam seguros com essa opção. Quando o Fernando perguntou o que você queria, e eu não respondi nada, era justamente pra não influenciar, eu queria que você fizesse o que seu coração mandasse, e você fez.
Você continuou por mais algumas horas, até que disse: Chega!
Mas você fez tudo que pode naquela momento, e no final apesar de não ter sido natural, deu tudo certo.

Obrigada por tudo!

Beijos
Cris.


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