Cristina Melo
Foto: Carol Dias/Divulgação

Ser doula é…

Antes do nascimento, a doula orienta o casal sobre os detalhes do parto e da chegada do bebê. Também auxilia a mãe a se preparar para o nascimento, física e emocionalmente, e a reconhecer os sinais do próprio corpo, que lhe dirão quando a hora chegar. Ainda ensina técnicas como respiração, massagem e banhos, que ajudam a reduzir as dores e a tranquilizar.

Durante o parto, a doula intermedia a relação entre o casal e a equipe médica, tranquiliza a mãe, fica atenta aos seus sinais e a ajuda no trabalho de parto, indicando as melhores posições.

Cristina Melo: dom que nasceu com ela

Filha de parteira e, desde sempre, fascinada por nascimentos, Cristina Melo, 23 anos, é, apesar da pouca idade, uma das doulas mais conhecidas de Santa Catarina. Sua história é um verdadeiro depoimento de amor à profissão e de luta pelo direito das mulheres a ter um parto normal e humanizado, se assim desejarem.

Presença de amor: o apoio das doulas de parto

Cris acompanhou o primeiro parto aos 16 anos, depois de praticamente implorar à tia, que ia sozinha para a maternidade. Viveu com ela todos os momentos e ajudou outras duas mulheres, também parturientes, muito mais por instinto do que por conhecimento. Saiu de lá feliz, completamente realizada.

— Lembro que era o Dia dos Namorados, o primeiro que eu passaria com o meu namorado, hoje meu marido. Mas não pensei em nada, deixei ele e fui acompanhar a minha tia. Ele ficou um pouco chateado, claro, mas entendeu — relembra Cris.

Talvez por destino, talvez por uma vontade maior do que a razão, alguns meses depois a adolescente também engravidou. Tinha 17 anos. Planejou em detalhes o parto normal, mas na hora do nascimento a obstetra recomendou a cesárea – desnecessária, descobriu-se depois. Decepcionada, decidiu que ajudaria outras mulheres, para que não fossem induzidas a uma cirurgia quando seu verdadeiro desejo fosse o parto natural.

O caminho até tornar-se doula, no entanto, ainda foi longo. A filhinha Sofia era pequena, demandava cuidados constantes. E, além disso, não havia cursos para a formação de doulas em Florianópolis, onde mora. Foi somente quando a pequena completou três anos que Cris decidiu perseguir o sonho. Já formada no curso técnico de enfermagem, foi para São Paulo especializar-se no que sempre soube fazer, instintivamente. Desde então, é requisitada por um número crescente de mulheres. E ainda dá palestras e presta consultoria.

— No começo era difícil, as pessoas não conheciam esse trabalho em Santa Catarina. Daí fui buscar profissionais que faziam parto humanizado para me apresentar, fiz um blog e corri atrás. Hoje atendo de seis a oito clientes por mês — comemora.

Em seu site, ao convidar o público para suas palestras, Cris alerta: “Parto é sempre prioridade, portanto, a palestra pode ser cancelada no dia”. Habituada a acompanhar as clientes antes, durante e também depois do parto, para auxiliar na adaptação do bebê, a doula reconhece a própria importância para as famílias que a procuram. Por isso, está sempre à disposição. Também acompanha partos voluntariamente, para famílias que não têm condições de pagar pelo trabalho.

— Isso é um dom, é muito mais do que um trabalho. Não tenho o direito de negar isso às mulheres só porque elas não têm dinheiro.

Tanto envolvimento e entrega custam a Cris alguns sacrifícios, especialmente na vida familiar. Quando sai de casa para um parto, Sofia vai logo reclamando:

— Mãe, esse nenê que está nascendo tem a mãe dele. Você é minha mãe! – diz a pequena, brava por precisar ficar com os avós quando a mãe sai de madrugada a caminho de alguma maternidade.

Apesar do profundo amor que tem pelo ofício, sabe que terá de parar – ao menos temporariamente. Pretende ter outro filho, desta vez com o obstetra certo e com o precioso acompanhamento de uma doula. Mas ainda não. Sente que ainda não é hora de deixar de lado tantas e tantas mulheres que precisam da menina que, tamanho amor que tem pelo trabalho, parece que já nasceu doula.

Para conferir a matéria completa com mais duas doulas vejahttp://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/donna/noticia/2013/05/doulas-de-parto-conheca-um-pouco-do-trabalho-de-mais-tres-companheiras-de-maes-e-bebes-4133696.html

Obrigada ao jornal Zero Hora pelo convite, a matéria ficou lindíssima!

Cris Doula.


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