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foto: google.com


Quem trabalha com obstetrícia sabe que não existe manual para o parto, nem certezas e que quando achamos que sabemos tudo a natureza nos surpreende. O exame de toque é um procedimento feito de rotina pela maioria dos profissionais tanto na gestação quanto no parto. Mas apesar de ser feito de rotina ele não é um procedimento sem riscos, e na verdade o resultado (a dilatação,) não nos diz muita coisa. Primeiro porque não existe uma régua lá dentro, então cada profissional que toca vai dar a sua opinião do quanto o colo dilatou/apagou/centralizou. Segundo que não é incomum mulheres que chegam na maternidade com pouca dilatação (3 cm) e que dão a luz pouco tempo depois. 
 Nem mulheres que chegam com dilatação avançada (8 cm) e demoram longas horas para dilatar e parir.

Então a dilatação do colo é APENAS uma das várias coisas que o corpo da mulher faz no parto. Sempre que as minhas clientes perguntam quando devem ir para o hospital, se devem ir  fazer o exame de toque, eu explico que elas não devem se preocupar com isso. Que de fato o colo do útero fica em um local tão íntimo e escondido que nem faz sentido ser tocado se pararmos para pensar. Então oriento que elas procurem o hospital quando estiverem com contrações regulares e próximas. Sim, o exame de toque é uma intervenção que deve ser feita apenas com real necessidade e não rotineiramente (especialmente se a bolsa já estiver rompida). Então como saber se a mulher está em trabalho de parto? Existe várias maneiras de  avaliar: Intervalo e duração das contrações, linha púrpura, comportamento da mulher etc. Também não estou dizendo que os exames devem ser abolidos, e sim que devemos entender que eles não são exatos e que possuem riscos. Pesquisando sobre o assunto na internet fui direto no site ”Midwife thinking” que adoro. Traduzi esse trecho do texto e compartilho com vocês. Espero que cada mulher reflita sobre esse procedimento, e que com isso, passem a confiar mais em seus corpos e evitando esse procedimento.

“A fim de obter o consentimento para um exame vaginal, as mulheres precisam de informação sobre a falta de evidências que suportam exames vaginais, e sobre as consequências potenciais dos exames vaginais. Eu comecei uma lista abaixo e são vem-vindas todas as adições que você puder pensar: exames vaginais são invasivos e muitas vezes doloros: Há pouca pesquisa sobre as experiências das mulheres (surpresa, surpresa). A maioria das mulheres relatam estarem “satisfeitas” com a sua experiência do exame de toque, algumas acham que é doloroso, para algumas está associada com PTSD (estresse pós-traumático) (Dahlen et al. 2013).  Os resultados podem ser enganosos: O que o colo do útero está fazendo no momento do toque não indica que o colo do útero vai fazer no futuro. Portanto, os resultados não podem informar eficazmente as decisões sobre medicação para a dor ou outras intervenções (embora estassão frequentemente as razões dadas para realizá-lo). As medições são subjetivas e inconsistentes entre os profissionais: A precisão entre os profissionais é inferior a 50% (Buchmann & Libhaber 2007). O toque ignora o conhecimento da mulher e reforça que existe um “perito externo”: Muitas vezes os resultados não correspondem a experiência da mulher e o resultado pode ser devastador, por exemplo, no ínício do trabalho de parto. A VE pode resultar na ruptura das membranas por acidente: Não é incomum romper acidentalmente o saco amniótico,durante a realização de um exame de toque – isso altera todo o  processo de nascimento e aumenta o risco para o bebê. Exames vaginais podem aumentar a chance de desenvolver uma infecção (Dahlen et al. 2013)”Para ler todo o post original clique aquiTradução: Cristina Melo (Doula)