Muita gente não sabe, mas a equipe pode fazer toda a diferença.
Não importa se o parto será em casa ou no hospital, ter uma equipe que apoie e incentive o parto natural de verdade, deve ser sempre a prioridade. Infelizmente muitas pessoas ainda não percebem isso, a diferença entre um parto cheio de intervenções, ou uma cesárea desnecessária, que poderiam ter sido evitadas se as escolhas fossem diferentes. Eu já fiz dois posts sobre esse assunto no site ”Quando vale o seu parto parte I e parte II“ , que fala justamente sobre o que é mais importante na hora de investir no parto. Não que todos tenham que pegar empréstimos ou dinheiro emprestado para pagar pela maternidade particular, por um médico e por uma doula, quem não tem condições de pagar vai acabar parindo em uma maternidade pública. E isso não é o fim do mundo!
É possível ter um parto natural nessas instituições, mas é fundamental ter um preparo antes do grande dia, pesquisar quais maternidades públicas são mais a favor, quais são as rotinas, e fazer uma escolha consciente. Além disso existem diversos grupos e cursos para gestantes, inclusive gratuitos, que ajudam e muito, pois passam informações preciosas e ensinam até quando a parturiente pode aguardar em casa, e quando seguir para o hospital. Ter a mente e o corpo preparados, fazer um plano de parto, já faz uma grande diferença para quem vai ter o bebê pelo SUS. Ter uma doula acompanhando a gestação, e o trabalho de parto em casa até a maternidade, também pode ajudar.
Prioridades:
Não é incomum ler na internet e até ouvir pessoalmente, que as gestantes estão em dúvida em onde investir. O problema não é o dinheiro para investir, mas as escolhas erradas. Eu sempre falo abertamente com todas as minhas doulandas, que se for pra investir, que faça da maneira certa.
O quarto do bebê não deveria ser uma prioridade, recém-nascido dorme em qualquer lugar, e usa muito pouco tudo isso. Preparando o quarto podemos gastar facilmente de 2 a 4 mil reais, dinheiro suficiente para pagar um obstetra e uma doula. Além disso as pessoas se preocupam com acessórios caros e pouco usados, como carrinhos de bebês, cadeirinhas de balanço e outros objetos de marca onde podemos gastar facilmente até 2 mil reais. E podemos ainda adicionar outros serviços que não são tão necessários ( fotografias, filmagens, coletas, etc) e que podem variar de R$ 400 reais e 4 mil reais.
Parir com plantonistas:
Planejar o parto em uma maternidade com plantonistas, é como ganhar na mega-sena. As chances de pegar um obstetra que apoie o parto natural, são pequenas, e sabemos que algumas maternidades a chance disso acontecer são praticamente nulas. Mesmo que você saiba que o parto é seu, e o seu corpo também, na prática as coisas são diferentes. Se o médico que for acompanhar o parto não tiver o mesmo pensamento que você tem, certamente o parto não sairá como o desejado. A partir do momento que você aceita ser internada na maternidade, a responsabilidade pela sua saúde e pela saúde do bebê são do médico, e por mais que você não aceite as indicações e intervenções, quem vai decidir será o obstetra.
Não adianta ter uma doula se você não se impor, se não se empoderar, pois a doula não pode intervir nessas decisões. Ela passa a informação que você precisa, mas não pode fazer decisões por você.
Mesmo assim, existe algo que eu chamo de plano B. No dia do trabalho de parto, a parturiente deve ligar ( ou pedir para um familiar ou doula ligue) para saber quem é o plantonista, se o médico não for a favor do parto natural ( doulas ativas sempre sabem quem não, e os que não são), o ideal é chamar o plano B.
O que é o plano B?
Um obstetra de confiança, que de preferência você já tenha consultado antes do parto, e que já esteja de sobreaviso. A partir desse momento ele é quem vai atender seu parto, até o final. Portanto, se você quer um parto natural, informe-se e veja as suas prioridades.
Vaquinha:
”Tenho convênio, e vai cobrir tudo no parto, menos o chamado do meu médico. O que faço?”
Todos os médicos a favor do parto natural que eu conheço parcelam o valor do chamado, mas se mesmo assim for inviável para você,
faça como outras gestantes e ao invés de pedir fraldas no chá de bebê, peça por doações para o parto.
Peça ajuda para a madrinha e padrinho do bebê, é uma verdadeira vaquinha, com certeza juntando daqui e dali, fica possível de chamar o obstetra.
Mas por favor, não peça descontos ao profissional se você puder pagar por ele, valorize o trabalho, estudo e especializações que essas pessoas fazem, o tempo fora de casa para estar a sua disposição.
Tudo isso, só é tarde demais quando o bebê já nasceu. Mesmo que você esteja no final da gestação, ainda tem tempo para planejar!
Lembre-se, o parto só acontece uma vez, você não pode voltar no tempo e fazer de novo. Infelizmente essas cicatrizes internas são muito mais
doloridas do que as externas.
Cris De Melo
Téc Enfermagem
& Doula!