Os hospitais Santa Joana e Pro Matre Paulistana recuaram nesta semana da decisão de restringir a entrada de doulas -mulheres com experiência em maternidade que dão assistência a grávidas antes, durante e após o parto.
Agora, as unidades de saúde decidiram fazer o recadastramento das doulas para que elas possam estar na hora do parto junto com o acompanhante da gestante, na maioria das vezes, o pai da criança.
Como a Folha mostrou na última semana, comunicados dos hospitais permitiam a entrada das doulas apenas se elas fossem no lugar do pai da criança, ou seja, elas seriam a única acompanhante da mãe.
Os hospitais alegavam que a medida era para “manter os baixos índices de infecção hospitalar nas unidades”.
A mudança gerou a mobilização de gestantes e ativistas nas redes sociais em defesa dessas assistentes, que não têm a atividade regulamentada no Brasil.
Após a restrição da semana passada nos hospitais, gestantes tiveram de abrir mão do acompanhante no parto para ter a ajuda de uma doula.Em 2012, a presença das doulas na hora do parto chegou a ser proibida pelo Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro). O veto, porém, foi derrubado pela Justiça Federal.
Foi o caso da professora Fabiana Marcela Araújo, 34 anos, que deu à luz no Pro Matre na segunda. Ela conta que ligou duas vezes no hospital e foi informada de que teria de optar entre a doula e o marido.
Escolheu a doula Gisele Leal, 36, que a ajudou com massagens, exercícios de respiração e posições para amenizar a dor das contrações.
Maria Alice nasceu de parto normal e só pôde ir para o colo do pai depois de três horas. Fabiana diz que ontem foi procurada pelo hospital, que negou a restrição.
Gisele diz que recebeu. no início de janeiro, um e-mail de um assistente da diretoria do Pro Matre a autorizando a entrar no parto de Fabiana.
Segundo ela, no entanto, o papel foi apresentado na recepção, mas sua entrada como doula não foi permitida.
Outros grandes hospitais paulistanos têm políticas distintas para doulas. O Santa Catarina permite que elas acompanhem as mães no parto, além do marido. No São Luiz, são admitidas desde que cadastradas previamente. No Albert Einstein, são liberadas apenas no pré-parto.