Orgasmic Birth ajudou milhões de mulheres a desmistificar o parto como sendo um evento envolto apenas por dor: o filme apresenta a possibilidade de um parto envolto em tranquilidade, paz, e até prazer.
A cena mais marcante do filme é a da jovem Amber, em seu parto domiciliar, na água. Ela relata que, durante as contrações, mantinha-se relaxada “ronronando”, e que, de repente, sentiu seu corpo ser carregado por uma sensação orgasmática: Amber teve dois orgasmos durante o parto de sua filha.
Ela generosamente divulgou sua experiência, que emocionou o mundo todo, mas também implantou na mente de todos e todas a pegunta essencial: como isso é possível?
O vídeo acima explica em parte o que permite que o parto seja uma experiência prazerosa, porém, não explica um aspecto essencial: que a anatomia feminina foi feita para sentir prazer nessa hora.
A mulher possui um órgão especialmente dedicado ao prazer sexual. Muitos já ouviram falar dele, e muitos até têm certeza que sabem onde fica. Sim, é ele: the mythical Clitoris!
Porém, o que muitos não sabem, é que o que se sabe sobre o clitóris é apenas a ponta do iceberg.
Descobriu-se recentemente, em 2009, que o que todos nós conhecíamos como clitóris é apenas a parte visível do clitóris, e que, com suas 8000 fibras nervosas, é, na verdade, a menor parte dele.
Se analizarmos o clitóris inteiro, percebemos que a parte visível dele, ou ‘glande’ se parece um pouco com a glande do pênis no aparato sexual masculino, e que ele se estende internamente em duas “abas”, que circundam a vagina.
O clitóris é composto de tecído erétil, muito vascularizado e com muitas terminações nervosas, assim como o pênis. Ele começa a ficar excitado na parte mais exposta, a glande, e vai se preenchendo de sangue conforme a excitação aumenta. Quando plenamente excitado, o clitóris chega a medir 9cm, e envolve toda a vagina, fazendo pressão na vulva por dentro e deixando-a mais ‘inchadinha’.
Clitóris em ereção |
Assim, não existe ponto G, trata-se do próprio clitóris! E tampouco existe diferença entre orgasmo vaginal e orgasmo clitoriano, como muitas pessoas acreditam: ambos vêm da estimulação do mesmo órgão, mas podem surgir em diferentes intensidades.
E, por coincidência (ou não), seu bebê vai nascer justamente por aí, passando no meio do seu clitóris que, para a ocasião, vai estar esticado como nunca, em contato pleno com o corpinho dele. É uma estimulação muito intensa. E, como toda estimulação muito intensa, exige uma preparação da área…
Mais uma vez, utilizo a analogia sexual, que é sempre tão útil e clara: na hora da relação sexual com um homem com um membro muito grande, é necessária uma “preparação” da área para evitar que a penetração cause dor, não? Sem preparação da área, não dá! É a mesma coisa com o nascimento do bebê: se a área estiver plenamente vascularizada, ela ficará flexível E sentirá prazer; se não estiver, é provável que a mulher sinta muita dor, e há mais chances de laceração, pois a região não estará flexível o suficiente para se adaptar ao tamanho do bebê.
A natureza sexual do parto é inegável, e a preparação para dar à luz deve ser similar à preparação para a entrega sexual: um ambiente calmo, com privacidade, no qual a mulher não se sinta inibida. Um lugar onde se sinta à vontade para tirar a roupa, andar nua, gemer, falar coisas que nunca falaria em público, gritar, fazer posições que a deixariam roxa de vergonha em qualquer outra situação.
A parteira Ina May Gaskin comprovou, através de anos de observação noThe Farm Midwifery Center, que as interações afetivas e sexuais entre o casal durante o trabalho de parto são muito positivas, pois aceleram o TP, deixam as mulheres mais calmas e reforçam o vículo familiar mãe-pai-bebê. Beijos apaixonados, massagens, carícias, e até mesmo uma relação sexual (se a bolsa amniótica ainda não tiver rompido) são muito bem-vindos durante o trabalho de parto.
E então, curtiram?
Para saber mais sobre o clitóris:
Fonte: http://adeledoula.blogspot.com/2012/01/como-e-possivel-sentir-prazer-no-parto.html