Circular de cordão não deixa o bebê sem ar POR ESTAR enrolado no pescoço. Ele não respira dentro da barriga, suas trocas gasosas não estão restritas às vias aéreas superiores. Ele recebe o oxigênio na barriguinha dele, por meio do cordão umbilical. Circulares de cordão SÃO COMUNS em até 40% dos casos no momento do nascimento e, salvo circunstâncias incomuns, não há contra indicação para o parto normal. O problema consiste no fato de o bebê enrolar o cordão demais (e isso pode acontecer EM QUALQUER PARTE DO CORPO DELE! Há bebês que enrolam o cordão no punho, nos pés. Desenrolam dos pés e enrolam no pescoço; desenrolam do pescoço e enrolam nos braços.
O problema na circular de cordão não está NA CIRCULAR em si. O problema está na pressão dessa circular, na força com que o cordão pode estar enrolado. Não há motivo algum para terrorismos do gênero: “Vamos marcar logo a sua cesárea” se tiver uma circular. Cuidados só devem ser tomados se for verificado que a circular está pressionando demais o cordão, pois assim restringe-se também o recebimento de O² e nutrientes para o organismo do bebê. Circulares são extremamente comuns e há bebês que nascem de parto normal com 1, 2 e até 3 circulares de cordão.
Restrições de oxigênio e nutrientes são sempre avaliados pelo médico. Ele avalia o crescimento do bebê, e faz cardiotoco, faz ausculta durante as consultas. Se os batimentos reduzirem de forma expressiva – e isso não é um acontecimento abrupto – então, sim, o médico pode tomar providências, como a cesariana e a indução ao parto. Mas, se os batimentos estiverem normais, se a DPP (data prevista para o parto) está distante, se o bebê enrola e desenrola o cordão o tempo todo, porque fazer uma cesariana ou induzir o parto? Circulares de cordão, se fossem realmente um grande monstro, não aconteceriam em todas as gestações – Ou você acha que, em meio ao líquido e com um frio comprido dançando no meio, seu bebê nunca brincou de fita lá dentro? (risos)
Um nó no cordão seria, provavelmente, uma fatalidade. Mas às fatalidades estamos sujeitas em qualquer momento da gravidez, seja a um acidente de carro ou a um tropeço de uma escada!
Portanto, o fato de a circular acontecer no pescoço ou não, não faz diferença alguma. O que importa é o tamanho da restrição no fluxo, em qualquer lugar em que o cordão vá se enrolar no corpo do neném. Portanto, um bebê só deveria ser exposto à indução ou à cesariana, em último caso, quando verificou-se que uma circular está restringindo o fluxo de nutrientes e oxigênio para ele de forma significativa e prejudicial ao feto.
Se o médico disse que tinha uma circular, o único motivo para marcar uma cesária ou indução é se for uma EMERGÊNCIA – Grande limitação na saída de O² e nutrientes da mãe para o bebê, por meio do cordão.
Dr.ª Melania Amorim diz:
“Cerca de 40% dos fetos apresentam circular de cordão, ou seja, se fôssemos operar os casos com circular de cordão diagnosticados por ultra-sonografia (USG) já estaríamos, de antemão, condenando 40% das mulheres a uma cesariana, com todos os riscos já conhecidos de uma cirurgia desse porte.
Como o bebê VIRA e DESVIRA o tempo todo (sinal de que está saudável) dentro da barriga, o diagnóstico por USG não é preciso, mesmo quando se usa o Doppler: bebês com circular diagnosticada pela USG podem nascer sem circular e o contrário é verdadeiro, a USG pode não mostrar nenhuma circular e o bebê nascer com uma ou mais circulares.
Entretanto, circulares CERVICAIS (no pescoço) apertadas, associadas a cordão curto e outras alterações, podem ser comprimidas durante o trabalho de parto e, muito excepcionalmente, fora dele. Tudo pode acontecer em uma gravidez, até um avião cair em cima do binômio mãebebê (assim mesmo, sem hífen), o que já foi descrito na literatura. Catástrofes e fatalidades acontecem.
Quais os cuidados? Ausculta, ausculta, ausculta, o que é o procedimento de rotina em todo trabalho de parto, AUSCULTA FETAL intermitente com o sonar Doppler ou mesmo com o estetoscópio, não é necessária cardiotocografia de rotina, e deve ser realizada com ou sem diagnóstico de circular. Lembrem: bebês SEM diagnóstico de circular podem nascer com circular, a circular se forma quando eles mexem de um lado para outro dentro da barriga. A ausculta fetal é, portanto, um procedimento padrão na assistência ao parto, recomendado pela OMS.
Não existe essa entidade nosológica “enforcamento fetal”… Na vida intra-uterina, as trocas respiratórias se fazem pela circulação umbilical, e não pelas vias aéreas fetais. Mecanicamente, o cordão também não conseguiria fraturar o pescoço do bebê, ele é gelatinoso.
O que pode acontecer, muito raramente, é um cordão curto e enrolado no pescoço ser apertado durante as contrações ou a movimentação fetal, e haver interrupção da circulação naquele momento. Se essa interrupção for prolongada, pode haver asfixia porque não vai mais chegar sangue para o bebê.
Além de raríssimo, esse evento não justifica ultra-sonografia de rotina.
– Não há o que fazer se for diagnosticada uma circular, a menos que se fosse interromper de imediato a gestação, o que não se justificaria, em face da maior morbidade materna e neonatal com a cesárea. Por conta de um evento raríssimo não se vai arriscar tirar um bebê prematuro ou mesmo de termo e expô-lo aos riscos de uma cesariana eletiva, que não são raros (inclusive aumento da mortalidade neonatal).
– Ultra-sonografia de rotina em gestações de baixo-risco não é apoiada por evidências científicas consistentes.
– Durante o trabalho de parto a ausculta fetal pode detectar facilmente alterações da ausculta que eventualmente podem ocorrer em casos de circulares apertadas e, se forem importantes, indicam resolução da gravidez por via alta (cesariana). Durante a gravidez, não é factível fazer monitorização fetal sem indicação.”
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onte: http://queroparir.blogspot.com.br/2009/08/cordao-enrolado-no-pescoco-e-motivo-pra.html