Vou começar o meu relato contando um pouco da minha gestação. Eu e o Gu descobrimos que estava grávida com 3 semanas. Foi na primeira tentativa que “engravidamos”. Com um dia de atraso da menstruação, fiz o exame de sangue. Positivo. Daquele dia em diante sabia que nossa vida iria mudar.
Tive uma gravidez super tranquila. Com 13 semanas descobrimos o sexo: Antônia estava a caminho. Com 17 semanas a senti pela primeira vez e ao longo de toda a gestação ela sempre mostrando que estava ali.

O parto normal sempre foi o meu sonho, mesmo quando não estava grávida. Como enfermeira, estudei e acompanhei partos na graduação e sabia o benefício que ele traria pra mim e para o bebê. Quando engravidei comecei a ler mais relatos de parto e a ideia de fazer o parto normal só se fortalecia. Tinha muita curiosidade em saber como seria o meu trabalho de parto. Muitos me chamavam de corajosa, poucas foram as que me incentivaram. Mas nunca desisti do que eu sempre idealizei e sonhei. Claro que no final, quando sabíamos que a Antônia já podia vir, foi dando  friozinho na barriga.
Na quarta-feira, dia 03 de agosto, fui consultar com o Dr. Fernando.

Ele me examinou, viu a altura, bcf. Estava tudo bem. Mas a Antônia ainda estava alta. Estava de cabeça para baixo, mas ainda não estava totalmente encaixada. Provavelmente só viria na outra semana ainda. Mal sabia eu (e ele), que essa seria a última consulta do pré-natal. Na sexta-feira, dia 05, pela manhã fiz as unhas e pela tarde as sobrancelhas. O salão que faço as sobrancelhas fica mais ou menos a um quilômetro da minha casa. Como o Dr. Fernando falou que provavelmente só viria na semana seguinte, fui a pé até o salão pra ver se dava uma “acelerada” e Antônia encaixasse.

Deu certo, muito certo aliás. Com 39+1 entrei em trabalho de parto. No caminho de volta do salão comecei a sentir algo diferente. Não tinha dor e por isso nem imaginei que já pudesse ser uma contração. Às 15h, quando cheguei em casa senti uma cólica, diferente das que eu já tinha sentido. Senti mais uma vez, outra e mais a cada 15/ 20 minutos. Mandei uma mensagem pra Cris. Mas não criei expectativas, pois poderiam ser somente pródromos, o que se estenderia por mais alguns dias.

Então, relaxei. Não avisei ao Gu. Ele estava indo pra Joinville e não quis preocupá-lo. Sabia que não iria sossegar. Lá pelas 19 horas as contrações já estavam um pouco mais fortes e mais frequentes. Junto com meus pais e minha irmã, fomos jantar na casa dos meus sogros. O Gu só foi chegar as 22 horas e as contrações cada vez mais fortes. Fomos para a maternidade avaliar. Estava somente com 1cm de dilatação e fui orientada a retornar para casa e voltar para reavaliar a 1 hora da manhã. Já em casa fui para o banho e deitei um pouco, tentei descansar, sabia que o TP entraria madrugada a dentro. Voltei para o Ilha as 2h da manhã, quando comecei a sangrar.

Era o colo abrindo. Agora já com 4cm, internei e o Gu ligou pra Cris. No quarto, não via a hora da Cris chegar, sentia que iria me sentir mais segura. E foi isso mesmo. Cris chegou rapidinho e me deixou muito aliviada. Dali fui para o banho, para a cama, para o banho e para cama. Logo fomos para o quarto da banheira, que era o meu sonho ter minha filha na água. Mas quando cheguei no quarto e olhei para ela (banheira) não consegui entrar. A bola então, não podia nem ver na minha frente. A playlist que tínhamos escolhido, não consegui escutar uma música. Estava irritada, só queria ficar quieta. Meu deus, planejamos tanta coisa para o TP e na hora, saiu totalmente diferente. As 4:30 Dr. Cláudio veio fazer um toque. 7cm. É, tava chegando.

A pergunta era, será que demoraria muito? Finalmente consegui entrar na banheira e foi a melhor coisa. Como me senti bem ali. Depois disso não tinha mais noção de tempo. O Gu falou que dormiu quase uma hora, pra mim foram 5 min. Tudo passou muito rápido, pelo menos pra mim. As contrações já eram muito mais fortes e muito mais frequentes. Lembro que dizia que não ia aguentar. Tentava me focar que era menos uma, mas era difícil.



Comecei com os famosos puxos, a bolsa estourou  e a vontade de empurrar só crescia. De repente não sentia mais a dor das contrações. Sentia a Antônia descendo. Foi tudo muito rápido. A Cris pediu pra chamarem o obstetra porque estava nascendo. Foi acabar de ligarem, Antônia nasceu num lindo e emocionante parto a jato pelas mãos da Cris, minha Doula/”parteira” as 6:45 do dia 6 de agosto. Veio direto para o meu colo. Tão frágil, tão pequena e daquele momento em diante mudou a minha vida. Até hoje não consigo explicar com palavras esse momento.



Foi a coisa mais incrível que já fiz. Sim, eu consegui. Me senti realizada. Só conseguia olhar para aquele serzinho que tinha acabado de sair de mim. Antônia me transformou. Hoje sinto muita, mas muita saudade daquele dia. Vontade de voltar no tempo. Obrigada Cris e Gu por não me deixarem desistir, por acreditarem que eu conseguiria. E obrigada Deus pela minha filha!

Créditos: Fotonascer