RELATO DO PARTO DO MIGUEL.

Tempo de leitura: aprox. 10 min. A quem interessar…

22 de novembro 23:35h

Vou dormir no sofá da sala com a Belinha e acompanhada da minha cunhada Cassia que fez uma cama no chão já que o meu marido estava fazendo plantão em Floripa.

23 de novembro 1:43h

Acordo com a sensação de não conseguir segurar o xixi. Tentei levantar mas ainda no sofá lembro do olhar da Belinha pra mim, era um olhar assustado e as orelhas de pé. Quem me conhece sabe o quanto eu acredito que esse tipo de animal sente e entende muito. Ao ir ao banheiro notei que aquele xixi poderia ser a bolsa já que tinha as características que o obstetra havia me descrito. A sensação: que bonitinho a natureza se manifestando em mim. Sim, ate ai eu não me sentia parte da natureza. Só depois do parto eu consegui enxergar que somos parte muito importante dela.

Eu não queria fazer alarme falso, então falei bem baixinho pra minha cunhada: Cassia, eu acho que a bolsa estourou. Mas foi tao baixinho que ela olhou pra mim, deu um sorriso, se virou e voltou a dormir. Eu achei muita graça disso, pensei: Ta bom, como enfermeira a cunhada ta boa é pra dormir. Kkk Mandei whats pro marido, que mais que rapidamente organizou tudo. Avisou que minha sogra estaria chegando pra ficar comigo, pediria para os meus pais irem me buscar, avisaria a doula, a fotografa e que eu deveria me preocupar somente em ir pra Floripa que ele já estava saindo do trabalho pra ir ao meu encontro. Eu expliquei o que estava acontecendo pra Belinha que parecia sorrir. Ela viu o tumulto de gente la em casa e estava toda boba. Acredito que ela estava ciente do que iria acontecer.

Me alimentei, tomei água, peguei um pano pra absorver o liquido amniótico e o estojo de maquiagem. Todo o resto já estava no carro. Lembro de falar pra cunhada que eu havia sentido uma cólica, eu sabia que eram as contrações que estavam iniciando. O pai chegou e lá fomos nos sentido Floripa. O objetivo era chegar na maternidade Ilha. Aproveitei o tempo para me maquiar e conversar com o marido pra que nos encontrássemos no caminho. Ao mesmo tempo, tentava controlar as contrações no app para avisar a doula.

Fomos conversando eu, a sogra a mae e o pai. No caminho, descobri que a minha mae assim como eu, tem um caderninho onde ela coloca seus desejos e nele ela havia pedido que eu tivesse a experiência de ter um filho. Nisso as contrações foram aumentando. Lembro que meu pai ia bem rápido, acredito que algo em torno de 120/130km por hora. A BR estava muito livre e eu sentia gratidão por entrar em trabaçho de parto na madrugada. Eu sempre imaginava que isso aconteceria nesse horário mesmo. Combinei com o marido de avisa-lo assim que estivesse próximo da PRF porque ele estava com o carro próximo ao posto policial só aguardando nos passarmos pra que ele nos seguisse ate a maternidade.

Feito isso, fomos e a sensação era: que massa, ihullll partiu parir. Hahaha Ele colocava o carro do lado do nosso pra me ver e ter certeza que estava tudo bem e íamos nos divertindo achando aquilo tudo muito sensacional. Assim que chegamos na ponte Pedro Ivo eu lembro de sentir as contrações mais fortes e pegar a coluna. Pensei: Carambaaa, acelera ai pai. Rs Passamos o túnel, viramos o semáforo e o pai pulou umas quatro lombadas bem altas, tudo era motivo de risos.

Chegamos la, hospital sem pacientes na recepção, a doula surgiu do nada, não lembro de vê-la chegar. Só sei que na primeira contração que senti lá, ela massageou minhas costas e diminuiu a dor em 100 %. pensei: coisa bem boa uma doula, não? Marido deu os meus dados para que fizessem o cadastro e estava bem falante e sorridente, acho que era nervoso.

Ali eu já sentia bastante dor. O medico chego para me consultar, olhou os exames, fez um calculo e me disse que eu estava de 40+1 e não de 39+1 como o ultrassom apontava. Eu pensei: ele esta certo, nas minhas contas eu estava de uma semana a mais se comparado com o ultrassom. (assunto pra mais um relato, mas quando o Miguel foi concebido aconteceu algo muito mágico. Eu ate nem comentava muito sobre isso porque achava que as pessoas iriam me achar retardada. Até que por acaso soube de mais pessoas que sentiram o mesmo e então eu não me culpei mais por saber o dia que fizemos nosso filho).

Quanto ao exame de toque, só lembro do medico me perguntar de quantos dedos de dilatação eu queria estar e eu responder sei la, uns 6. Então ele disse: se tem fotografa chama bem rápido porque corre o risco do parto acontecer sem ela chegar. Estas com nove dedos de dilatação. Marido mais uma vez ligou pra Re Larroyd que estava aguardando o nosso contato pra avisarmos a respeito do meu quadro, pois geralmente dá bastante tempo entre a gestante chegar no hospital, ter dilatação pra internar e o parto acontecer.

4:10h Nisso eu já subi para a sala de parto, a doula ligou a banheira e eu fui para o chuveiro juntamente com o marido que massageava minhas costas quando eu sentia contração. Uns 20 minutos ali, eu de olhos fechados pra sentir bem a mensagem que o meu corpo dizia e poder informar os profissionais que me acompanhavam. Logo a banheira encheu nós fomos pra la. Na banheira eu ainda lembro de abrir um pouco os olhos pra ver onde iria me apoiar pra me mexer, mas depois disso foi so olhinhos fechados e muita concentração.

Não me sentindo muito confortável na banheira porque parecia que o bebe não sairia se eu estivesse na horizonta, a doula ofereceu um banco especifico para parir e eu aceitei. Pronto, ali parece que as contrações realmente tomavam meu corpo de uma forma muito forte. Eu fazia força eles me orientavam de como fazer força o marido me apoiava me segurando pelos braços e por vezes ele dizia: vamos la amor, dá um sinal quando a contração vir que nos vamos fazer força juntos. E assim acontecia. Mexe daqui, mexe de lá, rebola pro bebe descer, faz força comprida, muita concentração na respiração na contração, lembro do medico pedir pra eu abrir os olhos e olhar pra ele.

Thayse, você esta fazendo forca assim ó. E me imitou, a força que o Miguel precisa pra nascer é assim ó: Encosta o queixo no peito e faz um abdominal. Pronto ouvi o que eu queria. A partir dai eu fui muito em pensamento nos meus treinos de academia, coisa que eu amo e faço pelo prazer e pelo desafio. Logo em seguida me trouxeram o floral que eu havia comprado e que um deles era para ajudar na hora do parto. Após tomar o floral e saber da força fitnes que eu precisava fazer, (risos), eu me senti muito mais conectada. Lembrava das pessoas que eu conheço e que são referencias de determinação e garra. Conversava mentalmente com o Miguel.

Logo em seguida a doula colocou um mantra muito forte onde se pede força pro universo. Universo esse que havia sido tao presente na gestação toda. Depois tocou mais uma ou 2 musicas e chegou a musica do Alceu Valença: tu vens, tu vens… Essa musica me traz ótimas lembranças e eu havia cantado bastante ela pro Miguel na gestação, tenho ate um vídeo onde eu danço ela com a mão na barriga. Pensei: Pronto filho é a nossa musica e a nossa hora, vamos la. Nisso o medico elogiava o meu comportamento, parecia que eu havia entendido  a mensagem e estava fazendo a força que ele me explicou.

A doula pede um espelho e coloca em baixo de mim, logo em seguida eles começaram a informar que o bebe estava descendo e que a cabeça já estava aparecendo, que era cabeludo e apontavam o espelho numa posição para que o marido pudesse ver o Miguel. Logo em seguida eles falaram que a cabeca do Miguel já estava toda de fora. Eu pensava: é mentira cara, todo mundo fala que queima muuuuuito quando a cabeça sai e eu não senti nada, eles estão falando isso pra me animar. Não pode. Logo em seguida falaram pra eu colocar a mão na cabeça dele. Eu fiz isso e sinto gratidão eterna pelos profissionais terem me lembrado de toca-lo. Foi diferente e magica a sensação de sentir um ser saindo de dentro de mim.

5:50h Mais umas forças e senti muitos ossinhos passando e um chorinho.

Eu lembro de dar boas vindas e dizer o quanto ele era especial abençoado, ser de luz, o quanto a nossa vida estava melhor com a chegada dele, o quanto ele teria de amor por aqui. So depois de uns segundos que abri os olhos, nisso ele já estava nos meus braços. Lembro do medico informar que o cordão era muito forte porem curto. Ofereceu que o pai fizesse o corte e ele mais que rapidamente ele aceitou. Ficou um pouco ali nos nossos braços e após um tempo as enfermeiras perguntaram se podiam fazer os procedimentos padrões com o bebe e eu autorizei. Nisso eu lembro de olhar ao redor e perguntar o horário. 5:57h me falaram.

Eu lembrei que esse horário eu estou sempre muito animada pra começar o dia e em contato com a natureza, prestando atenção no canto dos animais e sinto muita alegria no amanhecer. Quando posso, vou olhar pro céu e fazer meus contatos com o universo, saúdo o sol agradeço a lua que as vezes ainda esta no céu e fiquei muito feliz porque o Miguel nasceu num momento que geralmente eu estou tão conectada com a natureza.

Nisso eu tentei achar uma palavra pra definir o que havia acontecido, eu sentia dó de chamar aquilo de PARTO. Parto é usado pra descrever algo tão sofrido, trabalhoso, demorado, não cabia a palavra parto. Eu então só conseguia lembrar da palavra DEUS. Deus tem um sentido pejorativo muito ligado a religião, mas eu senti uma força superior. E parecia que essa força havia oferecido uma amostra de todo o mistério que existe no mundo, do tipo: sente isso, ta sentindo essa sensação? Isso é só um cheiro de todo o mistério que existe no universo.

Isso era o que eu queria traduzir e deixar registrado, além disso temos o registro da Re Larroyd onde aparecem fotos e vídeos.

Meu eterno agradecimento a minha terapeuta que dez total diferença na minha gestação.

Ao meu personal que adaptou meu treino, me acolheu, secou minhas lagrimas e fez total diferença na gestação e no parto. Sim, eu me lembrava o quanto eu me sentia desafiada nos treinos dele e tentava colocar aquela garra na hora do parto.

A Re Larroyd que é um anjo na minha vida, me sugeria o serviço da Cris Doula e me mandou e manda muita good vibe.

A Cris maravilhosa, sem ela eu confesso que não havia conseguido um parto natural só na garra e na coragem.

Ao marido pelo apoio, por me compreender mesmo com tantos pensamentos diferentes do meu.

Aos amigos, familiares. Todos fizeram parte disso.


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