Sexta as seis horas da tarde rompeu a bolsa, liguei pra Cris e ela disse pra ir no Ilha ter certeza. Cheguei lá por volta das 20:30, o médico de plantão me avaliou, era bolsa rota mesmo, mas não tinha nenhuma dilatação, e o colo totalmente fechado, tudo que eu não precisava… o médico de plantão me deu a opção de internar ou ir pra casa aguardar pra ver a evolução em doze horas, não cogitou indução de maneira nenhuma, ou entrava em trabalho de parto espontâneo ou faria cesárea pela manhã. Resolvi internar porque fiquei com medo de não ter como monitorar o bebê em casa. O médico então sabendo da minha decisão me disse que a partir de agora não poderia comer nem beber nada, ou seja, iria pra cesárea com ele de certeza.

Eu e meu marido então deixamos a moça fazendo a internação e fomos pra pizzaria kkkk, pedi a pizza de peperoni a mais apimentada que tinha pra ver se algo acontecia. Voltei pro Ilha e internei. Estava arrasada porque tudo que planejei estava indo por água abaixo… não consegui dormir um minuto sequer, resolvi que não iria me entregar, comecei a caminhar na rampa do Ilha, fiz agachamento agarrada nas janelas, pedi a bola de pilates pra enfermeira e assim passei a noite. O Dr passou por mim e ironicamente me perguntou se eu estava com contrações, falei que sim, que iria fugir da cesárea kkk, tinha poucas contrações, mas já sentia alguma coisa. As oito trocou o plantão o Dr nem apareceu pra me ver.

O novo plantonista logo veio me avaliar e constatou  3 cm de dilatação, porém colo posterior, indicou a indução com ocitocina e assim fizemos. Liguei pra Cris e falei a quantas estávamos, as 13hs ela veio me acompanhar. As três horas nova avaliação, cinco dedos, estávamos indo bem, contrações toleráveis e ritmadas entre três e quatro minutos. Continuei caminhando, usando a bola, tentando estimular. Lá pelas 16 hs a Cris aciona a doula back up pois tinha outra doulanda em TP também. Rachel chegou e começou a me acompanhar, estava em ótimas mãos, porém as contrações começaram a ficar mais espaçadas, de seis em seis, sete em sete minutos. Troca o plantão novamente e chega o anjo da Dra Maria Alice, nova avaliação, 7 cm, 24 hs de bolsa rota… como estávamos evoluindo bem mesmo que devagar a Dra mantém a dose do remédio.

Nasceu o bebê da outra doulanda da Cris e ela voltou pra ficar comigo, nova avaliação as 22 hs e pra minha decepção  nenhuma evolução. A médica sugeriu ir pra sala de parto estimular na banheira. Chegando lá veio a Técnica pra arrumar o acesso da ocitocina porque estava entupido e nesse momento ela constata que eu não estava recebendo ocitocina, só soro puro e esqueceu da ampola de ocitocina. Ou seja não estava recebendo nada esse tempo todo, os 7 cm foi o meu corpo que dilatou sozinho, por isso não engrenavam as contrações. Nesse momento fiquei arrasada porque estava muito cansada, com sono, e não sabia quantas horas mais teria que aguentar. A técnica falou com a obstetra e colocou a medicação de verdade e nesse momento o bicho pegou, contrações começaram a toda, quase sem intervalo, banheira, chuveiro, massagem, Deus, nada aliviava e O desespero toma conta de mim e eu então começo a pensar em desistir…

A médica veio então as 3hs da manhã nova avaliação e os mesmos 7cm, eu não tinha mais força, não conseguiria continuar.
Dra Maria Alice e Cris então me sugerem a analgesia a fim de dormir um pouco, descansar e tentar retomar. Mesmo sabendo do risco de travar o tp, aceito pprque era minha última chance antes da cesárea. No Centro cirúrgico pra tomar anestesia eu dormia na mesa, vocês não fazem ideia do cansaço que eu estava. Naquele momento foi como tirar com a mão, na hora a dor passou e eu apaguei, não vi enfermeiras na sala de parto, não vi a Cris, meu marido, ninguém, simplesmente apaguei. As 5 hs a médica retornou e naquele momento o destino do meu parto seria traçado.

Eu não sentia mais as contraçoes, tinha certeza que iria pra cesárea. A médica examinou e então com um sorriso me disse: “dilatação total, bebê encaixado e baixo”. Não consegui acreditar. Chegamos então no expulsivo, com as orientações da Cris e da Dra Maria Alice comecei a fazer força no banquinho e em menos de trinta minutos minha filha nasceu, linda, saudável, chorando, apgar 9/10 e eu sem laceração, só um esfoladinho como disse a Cris.


Pensei em desistir, eu achei que não conseguiria, peguei um primeiro plantão de um médico que queria me operar, fui vítima de erro da enfermeira, não vou julgar competência, pois sei que essas pessoas trabalham em plantões exaustivos, enfim, Deus sabe de todas as coisas, colocou no meu caminho quatro profissionais maravilhosos, Dr Hugo, Dra Maria Alice, doula Rachel e nosso anjo doula Cris Melo, sem eles eu não teria conseguido. Fiquei 36 hs com bolsa rota, mas monitorada o tempo todo eu e minha filha. A lição que tiro disso? Não desistam, sejam firmes, sempre há um caminho, não idealizem o parto dos sonhos, mas tentem até a última possibilidade…a Cris é sem dúvida o melhor investimento que fiz na vida, foi o apoio dela e da Dra Maria Alice que não me permitiram desistir.
Ariane Ribeiro

Relato publicado originalmente no Grupo de Gestantes de Cris Doula no whats app, postado no blog com autorização do casal!