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A analgesia é um procedimento eficaz no alívio da dor do parto e como todo procedimento, possui riscos, por isso eu sempre incentivo a continuar naturalmente porque a grande maioria das mulheres é capaz de parir sem esse recurso.  Além disso existem outras maneiras de amenizar essa sensação sem o uso de drogas.

Não sou contra,se a parturiente sente que é impossível continuar, quando aquela sensação torna o momento traumático a analgesia pode até ajudar. Mas a decisão deve ser da parturiente, ela precisa ter certeza, e antes de decidir deve sempre tentar todas as maneiras naturais de alívio antes.

Resumo de uma revisão sistemática da Cochrane:

”A analgesia peridural fornece alívio da dor mais significativo que outras formas de analgesia não peridural. No entanto, as mulheres que receberam peridural apresentaram aumento da duração do segundo estágio do parto, aumento da necessidade de utilização de ocitocina e aumento do risco de parto instrumental. A duração do primeiro estágio do parto foi maior no grupo que recebeu peridural, porém essa diferença não foi estatisticamente significante. O aumento relativo na duração do trabalho de parto não pareceu afetar adversamente os desfechos perinatais avaliados nesta revisão. É necessário aplicar na prática este achado de alteração da dinâmica do parto. Deve ser uma decisão clínica se o aumento da duração do período expulsivo representa um prolongamento indicando parto instrumental. AS EVIDÊNCIAS APRESENTADAS NESTA REVISÃO DEVEM SER DISPONÍVEIS PARA AS MULHERES CONSIDERANDO ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO. A decisão de receber uma peridural deve portanto ser tomada de comum acordo da mulher com o seu provedor.”

Após a analgesia  o útero pode contrair menos o que resulta muitas vezes no uso de  ocitocina, hormônio que o corpo produz naturalmente e que é usado em sua forma sintética para aumentar a intensidade das contrações . Como a mulher pode não sentir a vontade de empurrar, que ela naturalmente sentiria ao atingir a dilatação total, o parto pode acabar com uso do fórceps ou vácuo extrator.

Lembrando que para receber analgesia a parturiente precisa ir até o centro cirúrgico, e pode ficar impedida de ter um parto na água, consequência do cateter nas costas que não pode ser molhado.

Por isso converse com o seu acompanhante, leia sobre os riscos e tenha um médico a favor do parto humanizado. Estudos internacionais mostram que investir numa doula no parto pode diminuir em 60% os pedidos de analgesia. Também não esqueça de colocar no seu plano de parto, para que não oferecerem analgesia, pois no momento da dor você provavelmente vai esquecer tudo isso e pedir por ela. Incentivo para fazer uma escolha consciente nesse momento é fundamental!!!

Cristina Melo
Doula