Quando faço as consultas pré-parto e quando faço as palestras eu sempre explico o que é esse lugar, esse lugar bonito, as vezes difícil, por vezes cansativo e doloroso, que muda a sua vida para sempre. O trabalho de parto pode começar de várias maneiras, com a ruptura da bolsa, com contrações, ou até mesmo uma indução.
Não importa como você começa a sua viagem, é para a partolândia que você deve chegar.
Para isso é fundamental que a mulher se entregue totalmente, sem pudor, sem medos, encare cada onda desse mar como algo positivo. As ondas chegam e vão embora, começam tímidas com um leve desconforto, e conforme o corpo se acostuma, elas vão ficando maiores, e cada onda que chega na praia, trás o bebê mais um pouco para fora do útero.
O hormônio que causa essa mudança na maré também é tímido, ele precisa de privacidade, conforto, segurança, silêncio ou uma música da preferência da mulher. No final do trabalho de parto muitas mulheres sentem que não vão mais conseguir, passar por cima da onda é cansativo demais, mas se elas não desistirem elas darão conta, sempre dão.
Nessa hora é importante ter aquelas pessoas que vão incentivar e mostrar que o final é assim mesmo, e tem uma grande recompensa: o bebê!
Aos poucos a onda trás uma pressão, uma vontade de mudar a posição, de empurrar alguém que está pronto pra sair. Novamente é importante que a mulher não perca o foco, continue na partolândia, se concentrando e deixando seu instinto agir.
Uma ardência vem, um grito sai e o bebê nasce. Aqueles primeiros minutos são únicos, a sensação de poder é surreal, a emoção indescritível, você conseguiu.
A mulher finalmente volta da partolândia, mas dessa vez trás um ser que gerou por tantas semanas com amor e carinho.
Essa viagem é imprevisível. Pode ser longa, curta, difícil ou fácil até demais. Não importa como for, valerá a pena.
Uma boa hora a todas,
Cris Doula